NOVA REDENÇÃO (BA) – Maior
votação proporcional da presidente Dilma na Bahia e oitava no País, a
pequena Nova Redenção, a 435 km de Salvador, já na Chapada Diamantina,
sofre de uma anomalia na gestão do Bolsa Família. De tão pobre, a quarta
cidadela mais miserável do País perdeu a sua única casa lotérica, onde
as 1.471 famílias sacavam os seus benefícios mês a mês.
Com
isso, restou para os beneficiários, um terço da população, a
alternativa de viajar 136 km até Itaberaba, para não ficar sem receber a
ajuda da União, pagando R$ 34,00 correspondente aos custos de
transportes. Para uma família que embolsa apenas R$ 72,00, vai embora na
prática quase metade do benefício.
Isso
abriu a janela para uma grave ilegalidade: moto boys passaram a
“representar” um conjunto de famílias em agências bancárias não apenas
de Itaberaba, mas de outras cidades próximas a Nova Redenção, como
Andaraí, Itaitê e Saúde. Eliton Silva de Oliveira, o “Kinha”, um dos
contemplados com um cartão de R$ 190, cobra entre R$ 6 e R$ 10 de cada
bolsista para efetuar o saque em nome deles, de quem recebe as referidas
senhas.
O motoqueiro Kinha virou agente representante dos bolsistas de Nova Redenção depois que o município perdeu sua casa lotérica.
Como são muitos que recorrem a esta prática, “Kinha” faz a cola da senha do usuário no próprio cartão. Procurado pela reportagem, o “agente” dos portadores de cartão do Bolsa Família em Nova Redenção confirmou que já vem atuando no ramo há mais de dois anos, desde que a casa lotérica fechou.
O motoqueiro Kinha virou agente representante dos bolsistas de Nova Redenção depois que o município perdeu sua casa lotérica.
Como são muitos que recorrem a esta prática, “Kinha” faz a cola da senha do usuário no próprio cartão. Procurado pela reportagem, o “agente” dos portadores de cartão do Bolsa Família em Nova Redenção confirmou que já vem atuando no ramo há mais de dois anos, desde que a casa lotérica fechou.
“Eu
atendo muita gente, praticamente o mês inteiro, pois o benefício sai do
dia 8 até o dia 30”, disse, adiantando que embolsa por mês em torno de
R$ 1,5 mil, entre o que arrecada como motoqueiro e o serviço extra de
“agente”, além dos R$ 190 como bolsista. Mas Kinha não está sozinho no
ramo.
“A
concorrência já foi aberta”, diz, referindo-se a Lôla, igualmente
motoqueiro, que está agenciando o saque dos bolsistas. No momento em que
a reportagem encontrou Kinha ele estava de posse da cópia de identidade
e do cartão de um beneficiário. “Agora mesmo, peguei este cartão”,
apontou, exibindo também a xerox da identidade.
Para
ele, se há ilegalidade neste novo meio de sobrevivência em Nova
Redenção a culpa é do Governo. “Enquanto não reabrirem a lotérica,
ninguém vai gastar com passagem metade do que ganha para sacar a ajuda”,
afirmou.
Dona
Francisca Silva diz que recorre aos serviços de “Kinha” para
economizar. “Se eu fosse até Itaberaba teria que gastar R$ 34 ao todo,
R$ 17 de ida mais R$ 17 de volta. Recorrendo ao nosso representante, que
é da nossa confiança e por isso dou a senha a ele, só gasto R$ 10”,
afirmou.
Tácio Rodrigues, gestor do Bolsa Família, admite que existem 15 concursados recebendo a bolsa e diz que o Governo já foi informado dos problemas provocados pelo fechamento da lotérica.
Gestor municipal do Bolsa Família, Tácio Rodrigues disse que a prática configura crime e que Prefeitura já comunicou ao Ministério do Desenvolvimento Social o que vem ocorrendo em Nova Redenção, mas nenhuma providência até agora foi tomada. “Aqui, também tem outra prática ilegal, que é o recolhimento do cartão com a exigência da senha por parte dos comerciantes locais”, assinalou.
Tácio Rodrigues, gestor do Bolsa Família, admite que existem 15 concursados recebendo a bolsa e diz que o Governo já foi informado dos problemas provocados pelo fechamento da lotérica.
Gestor municipal do Bolsa Família, Tácio Rodrigues disse que a prática configura crime e que Prefeitura já comunicou ao Ministério do Desenvolvimento Social o que vem ocorrendo em Nova Redenção, mas nenhuma providência até agora foi tomada. “Aqui, também tem outra prática ilegal, que é o recolhimento do cartão com a exigência da senha por parte dos comerciantes locais”, assinalou.
As
1.471 famílias beneficiárias do Bolsa Família em Nova redenção foram
responsáveis pelo repasse de R$ 330.074.00 no mês passado, valor que se
aproxima do FPM – o Fundo de Participação dos Municípios. Neste mesmo
mês, o município recebeu pouco mais de R$ 400 mil, quantia que não dá
sequer para cobrir as despesas com pessoal da ativa e os aposentados. A
média transferida pelo Bolsa Família por beneficiário chega a R$ 224,39,
dinheiro que praticamente alimenta o pequeno comércio da cidade.
Foi
esta força do programa que fez a presidente Dilma ganhar a eleição na
Bahia em 416 dos 417 municípios e que levou a prefeita de Nova Redenção,
em agradecimento numa fala em um ato na campanha do segundo turno, a
pronunciar esta fase antológica: “Obrigada, Dilma, pelo Bolsa Família,
pelo mais Médicos e pelos programas sociais”.
O
programa Mais Médicos, um dos cartões de apresentação do Governo, foi
recebido com festa em Nova Redenção. Sem médicos e dependendo de
assistência em Andaraí, que fica a 70 km, e em Itaberaba, mais distante
ainda, a 136 km, sendo os casos mais graves removidos para Feira de
Santana, que já fica a mais de 300 km, a cidade ganhou três médicos
cubanos, que cativaram a população com simpatia e no modo de tratar os
pacientes.
(Fonte: Magno Martins)