Pois
é… Volta e meia alguém indaga se não pego excessivamente no pé do PT e
dos petistas. Isso me custa, sei disto, em certos nichos, a fama de
radical. Radical? Eu? Na quarta-feira à noite, com a responsabilidade de
quem já foi presidente da República por oito anos e é líder inconteste
do maior partido do Brasil, Lula participou de um comício em Santo
André, no ABC paulista, em defesa da candidatura do petista Alexandre
Padilha ao governo de São Paulo.
Num dado
momento, com a irresponsabilidade que o caracteriza, o chefão do PT
resolveu criticar a segurança pública no Estado, especialmente o elevado
número de assaltos. E afirmou o seguinte:
“Eu,
antigamente via: ‘bandido roubou um banco’. Eu ficava preocupado, mas
falava: “Pô, roubar um banqueiro… O banqueiro tem tanto que um pouquinho
não faz falta. Afinal de contas, as pessoas falavam: ‘Quem rouba mesmo é
banqueiro, que ganha às custas do povo, com os juros’. Eu ficava
preocupado. [...] Era chato, mas era… sabe?, alguém roubando rico.”
Como se
nota, para Lula, sempre que um rico — ou alguém que o PT considera
“rico” — é roubado, está-se diante de alguma forma de justiça. Para este
senhor, o roubo é uma espécie de distribuição de renda. Vai ver é por
isso que a Petrobras, sob a gestão do PT, é o que é. Vai ver é por isso
que, sob a governança do partido, a roubalheira de dinheiro público
assumiu proporções pantagruélicas. O irresponsável se esquece de que
bancos pagam seguro contra roubos e, obviamente, diluem essa despesa nas
taxas que cobram dos correntistas. Assim, não são os banqueiros que
pagam. Mas que se note: ainda que fossem, o roubo continuaria a ser um
crime. Não para esse gigante moral!
A fala, é
evidente, faz parte do pacote petista de demonização dos bancos. O
partido decidiu que só conseguirá mais um mandato se transformar os
banqueiros nos grandes vilões do Brasil.
Em seguida, Lula lamentou que os assaltantes estivessem também roubando cidadãos comuns, os pobres. E afirmou:
“Essa
semana, a Joana, que trabalha comigo, é irmã da Marisa [referia-se à sua
própria mulher], na frente do hospital perto de casa (…), oito horas da
manhã, o cara encostou um negócio nas costas dela e falou: ‘É um
assalto, eu tô armado. Continua andando normalmente, me dá o celular e
me dá o seu dinheiro. A coitada teve que dar sessenta reais pro ladrão…”
Esse
monstro moral deixava claro, então, que feio mesmo é roubar pobre. Mas
observem: em nenhum momento ele culpou ou censurou os ladrões. Longe
disso! Para Lula, o culpado por haver assaltos é o governador Geraldo
Alckmin, do PSDB, que deve ser reeleito no primeiro turno. Padilha, o
candidato do PT, está em terceiro lugar nas pesquisas. O Babalorixá de
Banânia foi adiante:
“Se o
Alckmin não tem competência pra fazer as coisas que o governador tem que
fazer, nós temos que dizer pra ele: ‘Alckmin, você já está há muito
tempo aí. Saia. E deixa o jovem Padilha governar esse Estado para as
coisas começarem a melhorar’.”
É mesmo?
Eu gosto de números. Há duas bases de dados para a gente analisar a
questão: o “Anuário de Segurança Pública” e o “Mapa da Violência”. Os
petistas estão no poder na Bahia, em Sergipe, no Distrito Federal, no
Acre e no Rio Grande do Sul. Se são tão sabidos, como diz Lula, a
segurança nesses Estados deveria ser exemplar, certo? Neste momento, há
10,23 homicídios por 100 mil habitantes no Estado de São Paulo e 9,81 na
capital. São os números mais baixos do país. A ONU considera que a
violência deixa de ser epidêmica quando essa taxa cai abaixo de 10.
Segundo o
Anuário, em 2012, houve 24,2 assassinatos por 100 mil habitantes no
Acre, 40,7 na Bahia, 40 em Sergipe, 32,1 no Distrito Federal, 19,8 no
Rio Grande do Sul e apenas 12,4 em São Paulo. Entenderam? A chance de
alguém morrer assassinado na Bahia ou no Sergipe petistas, em comparação
com São Paulo, é maior do que o triplo, é quase o triplo no Distrito
Federal, é o dobro no Acre e 60% maior no Rio Grande do Sul. Vale dizer:
os baianos, sergipanos, brasilienses, acrianos e gaúchos que moram em
São Paulo estão mais seguros do que os que ficaram em seus respectivos
Estados. E olhem que esses são números de 2012. Em 2014, caiu a taxa de
homicídios em São Paulo.
Lula, no
entanto, acha que os petistas podem dar aula de segurança pública. É
evidente que o poderoso chefão estava apenas fazendo fuleiragem
eleitoral. Mesmo assim, é preciso lamentar. Um dos mais importantes
líderes políticos do país, gostemos ou não disso, afirmou, no alto de um
palanque, que assaltar um banco, afinal de contas, não é coisa assim
tão grave e é um ato que até faz sentido.
Dá para
compreender por que Dilma Rousseff, na ONU, pregou o diálogo com
terroristas que degolam, massacram e estupram e vendem mulheres. Ela vem
de uma boa escola, não é mesmo?
Por Reinaldo Azevedo