segunda-feira, 29 de setembro de 2014

GOVERNADOR WAGNER BATEU FORTE EM WALTER PINHEIRO




 
O governador abriu a porta de saída do PT para o senador Walter Pinheiro Nunca na história do PT um luminar do partido desferiu um golpe tão mortal contra um companheiro como fez o governador Jaques Wagner em relação ao senador da República Walter Pinheiro. Até por cultivar um estilo em que a polidez e a elegância sempre prevaleceram sobre a agressividade nas relações políticas, as declarações de Wagner atribuindo leviandade às afirmações de Pinheiro legitimando acusações de que o PT teria desviado recursos públicos, por meio do Instituto Brasil, tiveram um impacto simplesmente avassalador para a sobrevida do senador no petismo.
Não que não houvessem questionamentos aqui e ali em relação a posicionamentos pontuais de Pinheiro, acusado por muitos colegas de sempre agir se preocupando muito mais com sua própria imagem do que com a do coletivo petista, apesar de dever sua história, na qual se incluem todos os cargos eletivos que ocupou ou postos políticos que indicou, à agremiação onde começou como vereador de Salvador. Mas pelo fato de o senador ter sido repreendido de forma tão constrangedora pela maior liderança do PT no Estado da Bahia, que ainda sinalizou que ele precisa procurar um outro partido se quiser continuar na política.
É verdade que, ao longo dos anos, apesar de não morrer de amores por ele, Wagner se tornou o credor, senão principal, quase exclusivo, da maioria das realizações políticas de Pinheiro no PT. Caso de sua eleição ao Senado que, comenta-se na sigla, o governador resolveu encampar depois que ele bateu o pé no sentido de ser colocado de qualquer jeito na chapa com que Wagner redisputaria o mandato.
Em 2008, foi Wagner quem também bancou a candidatura de Pinheiro à Prefeitura de Salvador, projeto mal sucedido, mas que naturalmente robusteceria sua postulação de candidato a senador dois anos depois.
Sem contar que Pinheiro chegou a ocupar uma importante secretaria de Estado no governo petista, além de ter indicado apadrinhados que exercem até hoje ou exerceram vários postos – alguns no primeiro escalão – da administração estadual. Não teria sido, entretanto, tamanho espaço concedido que dera a Wagner autoridade para fazer a dura cobrança pública de compostura ao senador, mas o fato de ter ouvido o companheiro a quem tantas vezes deu a mão, por circunstâncias políticas e eleitorais, falar mal do partido, jogando por terra de forma tão negligente toda a estratégia montada para preservar seu candidato ao governo Rui Costa.
Desde o princípio, Wagner tem a convicção de que a delação da presidente da ONG, Dalva Sele Paiva, “uma ladra picareta” no seu conceito, que envolveu vários quadros petistas, como o próprio Pinheiro, foi “comprada” com o objetivo exclusivo de abater a candidatura de Rui, cuja isenção nas irregularidades foi atestada pela promotora Rita Tourinho. Exatamente por isso, esperava que, apesar de atingido no meio de uma dura campanha, o partido estivesse coeso com relação ao projeto maior de elegê-lo. Descobriu, quase às vésperas da eleição, mais uma vez, como é difícil contar com Pinheiro, a quem agora decidiu definitivamente ver pelas costas.
* Artigo publicado originalmente na Tribuna da Bahia.

por Raul Monteiro