Na
reta final, a eleição presidencial ganhou um fator inesperado: uma
chance, embora remota, do tucano Aécio Neves ser o adversário de Marina
Silva no segundo turno, deixando de fora Marina Silva, do PSB. O comando
da campanha de Dilma já trabalha com este cenário depois de cruzar
números de várias pesquisas.
De
acordo com levantamentos diários de um instituto de pesquisa nacional,
Marina caiu drasticamente em São Paulo, nas cidades grandes e médias do
País. Com os números, a presidente Dilma teria 38%, contra 23% de Marina
e 19% de Aécio. Essa distância, de apenas quatro pontos, configuraria
uma situação de empate técnico entre o tucano e a candidata socialista.
Outro
dado relevante foi a simulação de segundo turno. Dilma venceria Marina
Silva por 45% a 40%. E a distância para Aécio seria praticamente a
mesma: 46% a 39%. Isso mostra que deu certo a estratégia tucana de
enfatizar, nos programas eleitorais, que Aécio seria o "voto útil para
derrotar o PT".
Até
então, Marina vinha se beneficiando de uma debandada de eleitores
tucanos que enxergavam nela a possibilidade mais concreta de derrotar o
PT. Eleitores que preferiam Aécio, mas a viam como uma espécie de "plano
B", com maiores perspectivas de vitória.
Com
os novos dados, que devem ser confirmados já nas próximas pesquisas,
Aécio deverá partir para o embate direto com Marina, para, assim, passar
para o segundo turno.
Como
a candidata socialista vem em queda, sem aparentemente apontar qualquer
sinal de reação, nos próximos dias o tucano pode ultrapassá-la
cabalando os eleitores ainda indecisos. Marina perdeu substância
eleitoral em todas as regiões do País.
O
que pode tirá-la da disputa é a queda nos grandes colégios eleitorais,
como Minas, São Paulo e Rio. Se Aécio ultrapassar Marina, a eleição
volta à velha polarização do PT contra o PSDB, o que, naturalmente,
beneficia Dilma.
Para
Dilma, aliás, o melhor adversário na disputa final seria Aécio por ser o
candidato do neoliberalismo, da herança que o PT herdou e pela vantagem
na comparação da era PT com a era tucana do ponto de vista de alcance
social. Com Marina, representante da chamada terceira via, Dilma fica
diante do imponderável.
Até
porque, além de ser uma adversária mais perigosa, porque tem uma
história de vida muito semelhante a de Lula, identificada com a pobreza,
Marina, que não teve tempo de propaganda eleitoral no primeiro turno,
terá igual espaço na TV e no rádio com Dilma.
Mais
do que isso, Marina é mulher e tem capacidade de agregar muito mais.
Mas um Aécio renascido das cinzas e com fôlego renovado por novas
denúncias de corrupção contra o Governo pode vir a ser um adversário
mais perigoso, na avaliação do PT.