segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

O PREFEITO DE SÃO PAULO FERNANDO HADDAD DO PT MUITO DESGASTADO POLITICAMENTE


As vaias que recepcionaram o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), em evento dos catadores de material reciclável, ao lado da presidente Dilma Rousseff (PT), são um termômetro da relação conturbada que a administração petista estabeleceu com os movimentos sociais nesse primeiro ano de gestão na capital paulista. Aguardada como uma retomada do canal de comunicação com a administração municipal, a eleição de Haddad agora é vista pelos movimentos sociais como uma continuidade da gestão de Gilberto Kassab (PSD).

No início do mandato, Haddad fez alguns movimentos que demonstraram abertura de diálogo. Chegou a criar novos espaços de participação da sociedade civil, como o Conselho da Cidade, e reforçou a expectativa de que sua gestão escutaria mais os movimentos antes de tomar decisões. Mas não foi o que aconteceu, segundo as entidades.
“Os movimentos sociais começaram a cobrar mais do governo, e o governo se sentiu numa situação complicada, e passou a não dialogar tanto e a se contrapor mais. Isso dá um descrédito para o governo, o movimento social pensa ‘do que adianta negociar com o governo outras vezes, se o próprio governo não efetiva o que assinou’?”, diz o vereador de oposição Toninho Véspoli (PSOL).

No dia 17 de dezembro, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) instaurou um inquérito civil para apurar a falta de diálogo da prefeitura em uma ação contra a ocupação do Movimento dos Sem-Teto do Sacomã (MSTS), no prédio do antigo Cine Marrocos, no centro da cidade. Os membros do grupo reclamam de uma ação truculenta da Polícia Civil, que prendeu o integrante do movimento que fazia portaria no prédio e cortaram a água e a energia elétrica, sem aviso prévio.
Robson Nascimento Santos, presidente do MSTS, conta que procurou a prefeitura e o secretário municipal de Relações Governamentais, João Antônio, mas não foi recebido. Em protesto, ele levou parte das 350 famílias que ocupavam o prédio para um acampamento no viaduto do Chá, em frente à prefeitura. “Nós estamos conhecendo a cobra que colocamos no poder”, ataca Robson Santos.

O fim da lua de mel dos movimentos de moradia com Haddad terminou quando, em abril, um nome do PP, do ex-prefeito Paulo Maluf, foi nomeado para comandar a Secretaria de Habitação.