Empresário trouxe ligação de Geddel com negócios imobiliários | Foto: Divulgação
Conhecido como uma pessoa discreta, Luiz Fernando Costa Filho
teve que se acostumar com os holofotes ao ser empurrado para o centro de
mais um escândalo envolvendo o ex-ministro, atualmente preso, Geddel
Vieira Lima (PMDB). Dono da empreiteira Cosbat Empreendimentos
Imobiliários, Costa Filho saiu dos cadernos imobiliários para as páginas
policiais ao revelar, em depoimento à Polícia Federal (PF), que era uma
espécie de sócio oculto do peemedebista em negócios apontados pelas
investigações como escusos. De acordo com o relato do empresário à
corporação, o dono do bunker de R$ 51 milhões tem participação
societária em, pelo menos, seis empreendimentos imobiliários de luxo em
Salvador construídos pela Cosbat. Ele ainda contou ter embolsado, entre
2011 e 2016, R$ 11,5 milhões pagos por Geddel e o deputado federal Lúcio
Vieira Lima (PMDB), irmão do ex-ministro, por causa da sociedade deles
nos negócios. Antes parceiro, o empresário conseguiu com seu depoimento
trazer uma informação que pode complicar ainda mais a vida dos irmãos.
Segundo ele, os valores pagos eram retirados na casa de Marluce Vieira
Lima, matriarca da família que gerou os dois políticos. Com
personalidade marcada pelo resguardo, Costa Filho conseguiu blindar a
vida pessoal de uma forma que é até difícil de encontrar registros sobre
sua vida pessoal. No entanto, as polêmicas envolvendo a Cosbat parecem
falar muito pelo empresário. A empreiteira surgiu em 1996 e cresceu no
ramo de empreendimentos imobiliários de alto luxo. Um deles, o La Vue,
se tornou epicentro de outro escândalo com Geddel, quando o ex-ministro
da Cultura, Marcelo Calero, acusou o peemedebista de pressioná-lo a
liberar as obras do edifício, que haviam sido embargadas pelo Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além desse,
emblemático, vários dos negócios imobiliários que fizeram o empresário
crescer no ramo também estiveram envoltos em questões judiciais
envolvendo o Ministério Público da Bahia (MP-BA) e a liberação de
alvarás considerados suspeitos. Um deles foi o Terrazzo Rio Vermelho,
localizado na rua Barro Vermelho, na Praia de Buracão, no Rio Vermelho,
em Salvador. Em 2007, um juiz federal chegou a deferir uma liminar
embargando as obras do imóvel (relembre).
Moradores acusaram a empresa de avançar sobre a praia com o imóvel.
Entretanto, o impedimento foi derrubado posteriormente e, atualmente, a
construção consta, no site da empreiteira, como uma das concluídas.
Também em 2007, outro negócio polêmico. Na época vereador, Paulo Câmara
(PSDB) entrou com uma representação no MP-BA para evitar que uma Área de
Preservação Permanente (APP), localizada ao lado e aos fundos do
Instituto de Reabilitação da Bahia (IBR), não fosse devastada para dar
lugar a um empreendimento da Cosbat. A construtora também foi sócia da
OAS em outro empreendimento recheado de controvérsias, o Residencial
Costa España, na Avenida Oceânica, bairro de Ondina, em Salvador. Um
processo chegou a ser aberto para avaliar se a construtora adulterou o
tamanho da fachada ao entregar o projeto para poder construir três
andares a mais do que o permitido. O empreendimento foi citado por
Geddel em uma conversa com o dono da OAS, Leo Pinheiro, interceptada
pelos investigadores da Lava-Jato. No diálogo, ele diz que Luiz chegou a
conversar com o prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), para liberar a
construção. Além de um empresário de sucesso, o dono da empreiteira
também é conhecido por suas boas relações no meio político. A licença
para o Terrazzo e para o edifício alvo de representação de Paulo Câmara,
foi obtida ainda durante a gestão do ex-prefeito de Salvador, João
Henrique (PMDB). De acordo com informações apuradas pelo Bahia Notícias,
Luiz tinha boa relação com Kátia Carmelo, ex-chefe da então
Superintendência de Controle e Ordenamento do Solo da capital baiana. A
pasta era responsável por emitir licenças para construções na cidade.
Carmelo chegou à secretaria por indicação do PMDB, partido de Geddel.