Assédio na FAO
Embaixador Souza Gomes responde a procedimento disciplinar.
Blog Diário do Poder
Por
determinação do chanceler Aloysio Nunes, o Ministério das Relações
Exteriores instaurou um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD)
contra o embaixador João Carlos Souza Gomes, chefe da Delegação
Permanente do Brasil na FAO, organização das Nações Unidas para
Agricultura e Alimentação, com sede em Roma. Ele é acusado de assédio
sexual contra diplomatas subordinadas, e um dos casos teria sido
documentado por gravação, segundo fonte do governo.
A identidade do acusado foi confirmada por alta fonte do Itamaraty. A denúncia é considerada tão “robusta” que o embaixador João Carlos Souza Gomes está afastado de suas funções: foi chamado ao Brasil “a serviço”. Encontra-se no Rio de Janeiro.
A identidade do acusado foi confirmada por alta fonte do Itamaraty. A denúncia é considerada tão “robusta” que o embaixador João Carlos Souza Gomes está afastado de suas funções: foi chamado ao Brasil “a serviço”. Encontra-se no Rio de Janeiro.
A
denúncia contra o diplomata foi detalhada em relatório enviado pelas
vítimas ao Ministério das Relações Exteriores, levando o corregedor
Márcio Araújo Lage a constituir uma comissão para investigar o caso no
último dia 26. João Carlos Souza Gomes foi designado ao cargo pelo
presidente Michel Temer há um ano, em outubro de 2016, e a denúncia
ocorre a poucos dias de o acusado completar 69 anos, no próximo dia 16.
A
missão brasileira da FAO é composta pelo chefe, agora afastado, o
vice-representante, ministro conselheiro Antonio Otávio Sá Ricarte, e
por quatro jovens segundo-secretárias da carreira diplomática: Roberta
Lima Ferreira, Gianina Lima Pozzebon, Larissa Maria Lima Costa e
Fernanda Mansur Tansini. Também compõem a delegação o conselheiro Saulo
Arantes Ceolin, a jovem oficial de chancelaria Maria Helena L. Zeredo e
seu colega Sergio P. Abramovici. Há ainda sete funcionários
administrativos, incluindo três secretárias.
Diplomatas
relatam outros casos de suposto assédio envolvendo o mesmo diplomata,
inclusive quando ele foi embaixador do Brasil em Montevidéu, mas não há
provas, tampouco condenação após o devido processo administrativo
disciplinar. O Diário do Poder não conseguiu encontrar o embaixador para
oferecer a ele a oportunidade de apresentar sua defesa, mas o espaço
para isso permanece aberto. Oficialmente, o Itamaraty não se manifesta,
alegando que a investigação é sigilosa.
O
Ministério das Relações Exteriores costuma ser leniente em casos de
assédio. O embaixador Américo Dyott Fontenelle, por exemplo, respondeu a
PADs por assédio quando chefiou o consulado do Brasil em Toronto, no
Canadá, e ao repetir o comportamento ocupando o mesmo posto em Sidney,
Austrália. Após uma punição considerada amena, ele já foi designado pelo
presidente Michel Temer para um novo posto: cônsul-geral em Ciudad Del
este, Paraguai.