Foi-se o tempo em que o PMDB da Bahia era um partido
forte. E, tenha certeza, os integrantes da sigla ainda se vangloriam de
manter essa força. Porém não foi o que se viu na última sexta-feira (8)
com a prisão do presidente licenciado do diretório regional, Geddel
Vieira Lima, e de um dos principais assessores dele, o
ex-superintendente de Defesa de Civil de Salvador, Gustavo Ferraz. Além
dos dois presos em desdobramentos da Operação Cui Bono?, o único
deputado federal pelo PMDB da Bahia, Lúcio Vieira Lima, acabou também
imbricado no apartamento utilizado como “bunker” para guardar mais de R$
51 milhões. Era para ele que o imóvel estava emprestado e uma fatura de
uma funcionária do parlamentar o deixa ainda mais próximo da cena
dantesca das malas e caixas de dinheiro. Geddel e Lúcio são a cúpula do
PMDB na Bahia. Controlam o partido há muito tempo e não davam espaço
para o aparecimento de novas lideranças. No máximo nomes que gravitavam
em torno de ambos, a exemplo de Gustavo Ferraz e do secretário de
Mobilidade Urbana de Salvador, Fábio Mota, que se afastou da dupla nos
últimos tempos. Os irmãos Vieira Lima tinham protagonismo absoluto no
partido, principalmente Geddel. Tanto que, em 2010, quando o PMDB foi
alçado à condição de vice de Dilma Rousseff, com Michel Temer, o
peemedebista baiano “chutou o pau da barraca” e se desvinculou do então
candidato a reeleição pelo PT, Jaques Wagner. Teve a expectativa de que
Dilma teria duplo palanque na Bahia e acabou frustrado e com uma posição
diferente da que então esteve acostumado: era Geddel na mesma posição
dos carlistas, tão combatidos por ele no passado. O PMDB baiano era
oposição a Wagner tanto quanto o ainda líder em ascensão ACM Neto. A
aproximação foi paulatina e, em 2014, estavam Geddel e ACM Neto do mesmo
lado, situação que se repetiu em 2016, quando o prefeito de Salvador
escolheu o peemedebista Bruno Reis para ser seu vice. Era a cartada
final para que DEM e PMDB, adversários históricos desde os tempos da
ditadura militar, se tornassem uma unidade política em território
baiano. Um grupo político que tendia a ser mantido para 2018. Não deve
mais acontecer. O PMDB foi esfacelado por Geddel e companhia e, por
questão de sobrevivência política, os até agora aliados vão tentar se
desvencilhar da imagem dele. A escolha de Bruno Reis para vice,
inclusive, sinaliza que ACM Neto foi hábil politicamente ao ponto de não
se submeter às vontades dos Vieira Lima: apesar de filiado ao PMDB, o
vice era assessor do prefeito desde a época em que ACM Neto ameaçava dar
uma cossa no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, quando ainda era
deputado federal. Ainda assim, o prefeito terá que fazer um esforço
expressivo para não sofrer com respingos desse esfacelamento político do
PMDB. Caberá à pouca expressiva bancada do PMDB na Assembleia
Legislativa da Bahia tentar soerguer a sigla no estado, o que deve
demorar. Enquanto isso, aqueles aliados pré-2010, quando Geddel ainda
estava do lado petista da política da Bahia, sorriem com o canto da
boca, pensando o quanto aquela cisão na Bahia evitou problemas no
presente. Na Bahia, o PT pulou essa fogueira. Este texto integra o
comentário desta segunda-feira (11) para a RBN Digital, veiculado às 7h às 12h30, e para as rádios Irecê Líder FM e Clube FM.