Na estratégia para barrar a segunda denúncia na Câmara, a prioridade hoje do presidente Michel Temer é acalmar o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que está contrariado com o assédio do PMDB a políticos que negociavam filiação ao DEM.
Ironia:
Maia se queixa das investidas do PMDB sobre possíveis futuros filiados
ao DEM, mas teve um encontro anteontem em São Paulo cujo pano de fundo é
a eventual saída de Doria do ninho tucano. A política como ela é.
Em
relação à nova denúncia contra Temer, Maia disse que não misturaria
esse assunto com o conflito entre PMDB e DEM por conta da busca de
filiados. Mas a simples menção a essa insatisfação deixa o Palácio do
Planalto de orelhas em pé.
O
papel de Maia é importante nesta segunda votação. Um sinal interno dele
na Câmara pode atrapalhar o governo na CCJ (Comissão de Constituição e
Justiça), atrasando a análise de um tema desgastante para o governo. O
Planalto queria resolver o tema antes do feriado de 12 de outubro. Maia
já falou que talvez não dê tempo.
Portanto,
a tarefa imediata à qual Temer vai se dedicar será restabelecer a boa
interlocução com Maia. A tendência é o governo barrar o prosseguimento
da denúncia, evitando que a Câmara dê autorização para o Supremo
analisá-la. Mas a rapidez dependerá bastante do papel que Maia jogará
nos bastidores em reuniões com líderes partidários, por exemplo. Temer
sabe disso, porque conhece a Câmara, Casa que já presidiu três vezes.
(Kenedy Alencar)