A Defensoria Pública da União (DPU) pediu ao Supremo Tribunal
Federal (STF) que todos os detentos que estão há mais de dois anos em
presídios federais sejam devolvidos aos seus Estados de origem. A DPU
afirma que há constrangimento ilegal na permanência acima deste prazo. O
relator da ação é o ministro Alexandre de Moraes, que era ministro da
Justiça até fevereiro, quando foi indicado à vaga no STF. A ação da DPU
acendeu um alerta no Rio de Janeiro, diante da informação de que 55
criminosos poderiam retornar ao Estado, de acordo com dados do Depen
(Departamento Penitenciário Nacional), do Ministério da Justiça. Entre
eles, estão Marcinho VP, Fernandinho Beira-Mar e Nem, suspeito de ter
dado ordem de invasão da Favela da Rocinha no dia 17. O governador do
Rio, Luiz Fernando Pezão, afirmou, nesta sexta-feira (29) que vai
solicitar que criminosos de alta periculosidade do Rio que estão
cumprindo pena em presídios federais não sejam transferidos de volta ao
Estado. De acordo com a DPU, com base em dados do Sistema Penitenciário
Federal (SPF), existem 570 presos federais, sendo que 121 deles estão no
SPF há mais de 720 dias. "Essa informação mostra que, na prática, o
artigo 10 da Lei 11.671/2008, que estipula o prazo máximo de permanência
é completamente ignorado, visto que quase 20% dos presos federais
extrapolam o prazo legal de 720 dias", enfatiza a DPU. A legislação
sobre o tema admite a detenção por 360 dias, renováveis por mais 360
dias, mas não deixa claro se é possível continuar havendo renovações
sucessivas. No entendimento do Superior Tribunal de Justiça (STJ), é
possível passar-se mais de 2 anos. Mas o mesmo artigo que trata da
duração da permanência fala que "a inclusão de preso em estabelecimento
penal federal de segurança máxima será excepcional e por prazo
determinado". A DPU afirma que a decisão poderá atender dignidade da
pessoa humana, a integridade física e moral dos presos, a finalidade
ressocializadora da pena, a progressão de regime prisional e ao direito à
assistência familiar. O pedido da Defensoria Pública da União é
assinado por Anginaldo Oliveira Vieira e por Mariana Gomes Pereira.