quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

OS DANOS DO LAVA JATO CONTRA O SENADOR FERNENDO BEZERRA COELHO (PSB)




As duas operações da Polícia Federal em território do senador Fernando Bezerra Coelho (PSB), a primeira em seu apartamento de Boa Viagem, no Recife, e a segunda ontem, na Fundação 2020, produziram um efeito político que pode ter consequências já nas eleições municipais do ano que vem.
Fernando sonha em retomar a Prefeitura de Petrolina, sua principal base eleitoral, por onde começou sua carreira política, apostando na candidatura do filho Miguel Coelho, deputado estadual, a quem entregou o comando da legenda socialista no município após uma queda de braço travada com o deputado estadual Lucas Ramos, pré-candidato a prefeito.
Com o partido sob o seu controle, o senador esvaziou, consequentemente, o grupo do deputado federal Gonzaga Patriota, que dirigiu por muito tempo o diretório municipal. Alijado das hostes socialistas num processo no qual sequer foi ouvido, Patriota bate hoje de frente com o senador e já declarou que não vota no candidato a prefeito do partido patrocinado por Fernando.
As consequências maiores para o senador poderão vir mais à frente, dependendo naturalmente dos desdobramentos da operação Lava Jato. Ele responde à investigação por suposto envolvimento no esquema de corrupção na Petrobras. A acusação partiu do ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa, em sua delação premiada.
Em depoimento dado em agosto do ano passado, Costa relatou que, em 2010, Bezerra Coelho pediu R$ 20 milhões para a campanha à reeleição do então governador de Pernambuco Eduardo Campos (PSB), morto em 2014. Na época, Bezerra Coelho era secretário de Desenvolvimento da administração de Campos. Ele nega as suspeitas.
No pedido feito ao STF, as advogadas do senador apontam supostas contradições entre a versão de Paulo Roberto e a de Alberto Youssef sobre o esquema de pagamento de propinas em obras da Refinaria Abreu e Lima, de onde teria saído o dinheiro dado a Bezerra Coelho.
A peça mostra trechos de cada depoimento. No primeiro, Paulo Roberto relata que o esquema envolveria consórcio formado pelas empreiteiras Iesa e Queiroz Galvão. No segundo trecho destacado, Youssef aponta pagamento de propina a partir de contrato firmado por consórcio composto pelas construtoras OAS e Odebrecht.
Para a defesa de Bezerra Coelho, a diferença nas versões exigiria que a PF ouvisse primeiro os dois delatores para esclarecer os fatos e, só depois, o senador, de modo que ele pudesse se defender adequadamente. Ao comentar, ontem, a nova operação da PF, desta feita em seu escritório de Petrolina, FBC emitiu uma curta nota.
Nela, afirma que ação da PF de ontem ocorreu no escritório político de Fernando Bezerra Coelho em Petrolina (PE). “O senador reitera sua confiança no trabalho das autoridades que conduzem este processo investigatório, acreditando no pleno esclarecimento dos fatos, e continua, como sempre esteve, à disposição para colaborar com os ritos processuais e fornecer todas as informações que lhe forem demandadas”, complementa.