A defesa do senador Delcídio Amaral (PT-MS) confirmou, na tarde de
hoje, que contratou o advogado penalista Antônio Augusto Figueiredo
Basto, especialista em delações premiadas.
Preso há duas semanas por supostamente tentar barrar a Operação Lava
Jato, o ex-líder do Governo no Senado vai fazer delação premiada para
tentar se livrar da cadeia. As revelações de Delcídio podem agravar
ainda mais a crise política do governo Dilma. Na agenda pessoal do
empreiteiro Ricardo Pessoa, que fez delação, há registro de 30 encontros
com o senador entre 2011 e 2014.
No governo Fernando Henrique Cardozo (PSDB), Delcídio foi nomeado
diretor de óleo e Gás da Petrobrás cargo que ocupou entre 1999 e 2001.
Delcídio foi capturado por decisão do Supremo Tribunal Federal a
pedido da Procuradoria-Geral da República. Em conversa gravada por
Bernardo Cerveró, filho do ex-diretor da Petrobrás Nestor Cerveró
(Internacional), o senador é flagrado discutindo um plano para obstruir a
Lava Jato. Ele e o banqueiro André Esteves, do BTG Pactual, iriam
financiar a fuga de Cerveró – preso desde janeiro na Lava Jato. Cerveró
fechou acordo de delação dia 18 de novembro. Delcídio teme a delação do
ex-diretor, por isso, segundo os investigadores, tentou tramar sua fuga e
influenciar em seu depoimento na colaboração com a Procuradoria-Geral
da República.
Ontem, o procurador-geral da República Rodrigo Janot denunciou
criminalmente Delcídio a pedido de Janot, o Supremo autorizou abertura
de outros dois inquéritos contra o ex-líder do Governo.
A saída de Delcídio pode estar na delação premiada. Dois dias depois
de sua prisão, familiares e amigos do senador já o pressionavam a fazer
delação, segundo revelou o jornalista Alberto Bombig em reportagem
publicada pelo Estado.
Figueredo Basto é especialista nessa área da advocacia. Entre seus
clientes, por exemplo, está o doleiro Alberto Youssef, peça central da
Lava Jato. Muitos outros personagens da investigação sobre corrupção e
propinas na Petrobrás são representados pelo advogado.
A defesa de Delcídio vinha sendo conduzida pelo criminalista Maurício
Silva Leite. Na semana passada, Leite pediu ao Supremo Tribunal Federal
revogação da ordem de prisão contra o senador.
Em nota, a assessoria de Maurício Leite destacou que a condução do
pedido de revogação ‘permanece sob a responsabilidade do criminalista
Mauríxio Silva Leite’.