ÉPOCA
Dois novos delatores confessaram à Procuradoria-Geral da República que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cobrava propina para liberar dinheiro do FI-FGTS para
empresas e recebia os valores em contas até agora desconhecidas, na
Suíça e em Israel, segundo documento obtido por ÉPOCA. No total, a PGR
afirma que reuniu provas de R$ 52 milhões em propina,
divididas em 36 prestações. A revelação foi feita na delação premiada de
Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, da empreiteira Carioca Engenharia.
Ao contrário dos outros casos da Lava Jato, a dupla afirma que a propina foi cobrada diretamente por Eduardo Cunha,
sem intermediários, em encontros pessoais. Os delatores detalham até os
centavos da propina paga para receber R$ 3,5 bilhões do Fundo de
Investimento do FGTS, o FI-FGTS, para uma obra no Rio. Há mais: o
empreiteiro Léo Pinheiro, da OAS, também trocou mensagens diretas com Cunha, justamente para tratar da liberação de valores do FGTS.
A
delação premiada da Carioca Engenharia inclui até uma tabela com os
valores das propinas. “Eduardo Cunha deu uma conta de um banco chamado
ISRAEL DISCOUNT BANK para fazer a transferência de parte dos valores. O
depoente preparou uma tabela, com data, conta de onde saiu e do
destinatário dos valores, no montante total de US$ 3.984.297,05”, diz o documento.
Ricardo
Pernambuco é taxativo: “em relação a estas transferências tem absoluta
certeza que foram destinadas para Eduardo Cunha”, diz o delator. Há
outras provas. A secretária de Pernambuco tentou, em 16 de agosto de
2011, agendar uma reunião com Cunha e enviou e-mail ao deputado,
perguntado qual seria a pauta. Cunha foi curto e grosso: “Ele está a
par. Só avisar q sou eu!”.