O Palácio do Planalto avalia que a prisão do pecuarista José Carlos
Bumlai, hoje, abre uma nova vertente de investigação na Operação Lava
Jato, com foco no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e
desdobramentos políticos sensíveis para o governo Dilma Rousseff.
Bumlai é amigo de Lula e tornou-se alvo da Lava Jato depois que dois
delatores relataram que ele teria repassado recursos para uma nora do
ex-presidente e ajudado a quitar dívidas do PT, o que o pecuarista nega
ter feito. Além disso, Bumlai é descrito pelo delator Fernando Soares, o
Baiano, como uma espécie de lobista na Sete Brasil, empresa que
administra o aluguel de sondas para a Petrobras no pré-sal.
Segundo a reportagem apurou, o núcleo mais próximo a Dilma avalia que
o fechamento do cerco a Lula na Lava Jato tem o objetivo de
desmoralizá-lo e enfraquecer sua capacidade de mobilização social.
Os auxiliares da presidente reconhecem que, num eventual cenário de
abertura de processo de impeachment contra Dilma, o ex-presidente "é o
único" capaz de mobilizar a militância petista e os movimentos sociais
para defender o mandato da sucessora.
Caso Lula esteja enfraquecido e desgastado pelas suspeitas de
corrupção, por exemplo, o governo Dilma poderia ficar inviabilizado.
O ex-presidente, por sua vez, nega que tenha atuado como intermediário de empresas ou autorizado lobby em seu nome.
Pouco depois da prisão de Bumlai, na manhã desta terça, ministros
petistas já discutiam que, se a investigação chegar de vez ao
ex-presidente, o resultado prático não será apenas prejuízos ao governo
Dilma, mas também significará a derrocada do PT e do projeto político do
partido.