(Alex Solnik)
O
PT está numa escolha de Sofia: ou continua apoiando Cunha e compromete
ainda mais a imagem do partido ou não o apoia e corre o risco de ele
deflagrar o processo de impeachment.
Ganha
por larga vantagem a corrente petista que defende a primeira opção.
Mesmo porque, alegam seus porta-vozes, se o governo for derrubado por
impeachment a imagem do partido ficará tão ou mais comprometida que com o
apoio ao deputado que virou sinônimo de tudo o que há de pior na
política brasileira.
Há
um tempo escrevi aqui que a imprensa deveria boicotar Cunha, ninguém
deveria abrir microfones para ele. Ontem, os deputados esvaziaram o
plenário em protesto contra a sua permanência. A imprensa deveria copiar
os parlamentares.
Eu
acho que esse é o melhor caminho para enfrentá-lo. Nada de confrontos
pessoais, que ele sempre responde com retaliações, as ações têm que ser
coletivas e com esse conteúdo: nós não vamos escutá-lo mais, você perdeu
legitimidade, você está falando ao vento, não damos ouvidos para você e
suas fantasias.
Claro que nem todos os deputados vão aderir ao boicote. Os do PT e os do PMDB certamente não.
O
PMDB jamais deu a menor demonstração de desconforto com sua presença ou
cogitou afastar Cunha, o presidente Michel Temer e demais componentes
da cúpula nunca questionaram a sua tese do enriquecimento com exportação
de carne em lata.
Não
se devem esperar, também, manifestações petistas contra Cunha, um
aliado rebelde, mas ainda um aliado a preservar, apesar de haver
petistas incomodados.
O
melhor que o PT pode fazer é ficar na moita esperando Cunha cair de
podre. E deixar que a oposição se encarregue de derrubá-lo. Quanto mais
ficar preocupada com Cunha menos tempo a oposição vai ter para se
preocupar com o impeachment.