Da Folha de S.Paulo – Mário Cesar Carvalho e Bela Megale
Apesar
da aparência serena, o pecuarista José Carlos Bumlai, amigo do
ex-presidente Lula, está nervoso, muito nervoso. Sua pressão,
normalmente de 11 por 7, atingiu picos de 18 por 14 na última semana,
quando um dos delatores da Operação Lava Jato disse que perdoou um
empréstimo de R$ 12 milhões que havia feito a ele em 2004 em troca de um
contrato de R$ 1,6 bilhão com a Petrobras.
Bumlai teria intermediado o negócio. O valor não pago ao banco foi para o PT, na narrativa do delator.
O
empréstimo foi feito pelo Banco Schahin, mas não foi quitado. Para
compensar a dívida, Bumlai teria ajudado o grupo a conseguir o contrato
de um navio-sonda com a Petrobras, segundo relatos de executivos da
empresa a Salim Schahin, um dos acionistas do grupo. Outros dois
delatores da Lava Jato (Fernando Soares e Eduardo Musa) contaram versão
similar.
"Isso é mentira e tenho como provar com documentos", diz em entrevista àFolha o
pecuarista de 71 anos que na próxima terça vai depor na CPI do BNDES
para explicar por que o grupo de sua família não pagou dívidas de R$ 330
milhões -ele culpa a política de preços da gasolina e do etanol pelas
agruras que seus negócios atravessam.
A
versão de Bumlai é que pegou emprestados R$ 12 milhões para comprar uma
fazenda, o negócio não deu certo e o vendedor devolveu-lhe R$ 12,6
milhões em três anos.
"Se
os R$ 12,6 milhões entraram na minha conta, não tem como o meu dinheiro
ter ido para o PT. Eu não dei dinheiro para o PT coisíssima nenhuma.
Ponto".
Bumlai
refuta também a versão dos delatores de que o banco perdoou a dívida de
R$ 12 milhões. "Como perdoou se meu nome foi parar no Cadin [cadastro
de devedores do Banco Central], o que me prejudicou muito nos
negócios?".