sábado, 5 de setembro de 2015

Governo falido e desacreditado




Tem razão o vice-presidente Michel Temer quando diz que sem respaldo popular a presidente Dilma não tem condições de governar até o fim do seu mandato, ou seja, mais três panos pela frente. Um Governo só tem sustentabilidade se contar com o apoio do Congresso e da opinião pública, das ruas.
Dilma perdeu os dois. No Congresso, há muito não aprova projetos de interesse do seu Governo. O que se observa na prática é um parlamentarismo branco, com Eduardo Cunha, na Câmara, e Renan Calheiros, no Senado, pautando o que interessa a ambos, de natureza estritamente fisiológica.
A voz rouca das ruas, de profundo desapontamento com o Governo, vem de todas as pesquisas de opinião. Beirando à casa dos 8% de aprovação, Dilma chegou a um patamar de reprovação pior do que o ex-presidente Fernando Collor quando esteve no ápice da sua crise, à beira do precipício para ser degolado.
Não conheço na história republicana nenhum governante que consiga se impor com 76% astronômicos de ruim e péssimo. Isso não é aqui no Brasil, mas em qualquer lugar do mundo. Quando Lula chegou à beira da cova no episódio de mensalão só se salvou por causa da economia, que naquele momento estava bem.
Hoje, nem com este cenário Dilma pode contar. Estrangulada, a economia vai de mal a pior, com índices crescentes de desemprego, do aumento da inadimplência, empresas fechando às portas, um descrédito arrepiante por parte do empresariado, que se enxerga num grande atoleiro, quase no fundo do poço.
Dilma está tão fragilizada, dispersa e perdida que permite que o seu principal ministro, o comandante da economia deteriorada, Joaquim Levy, se submeta a um processo de fritura nunca visto na história, ridículo para ser mais preciso. E o mais grave: as declarações da presidente negando à demissão não convencem.
Levy está demissionário porque a queimação, num caldeirão de 180 graus, tem autores conhecidos: as principais lideranças do PT, a começar pelo ex-presidente Lula, que torce o nariz para o ajuste fiscal que saiu da cabeça do ministro, foi aprovado com muitas dificuldades no Congresso e não é, nem de longe, a panaceia dos males que enterraram o Governo.