O
alerta é do deputado estadual Eduardo Salles, que participou, na manhã
desta terça-feira (14), em Brasília, ao lado do deputado federal Mário
Júnior, de audiência com o ministro da Integração Nacional, Gilberto
Occhi. O parlamentar pediu a ajuda do chefe da pasta para evitar que a
irrigação no Vale do São Francisco seja suspensa por falta de água no
perímetro.
Estiveram
presentes também na audiência os prefeitos de Curaçá, Carlinhos
Brandão, de Paratinga, Zequinha, de Santana, Dr. Wilson e de Bom Jesus
da Lapa, Eures Ribeiro, além do gestor de Barra do Choça, Oberdan Rocha,
que foi saber sobre um projeto de urbanização parado no Ministério da
Integração desde 2009.
“Ano
passado, nesta mesma época, tínhamos 50% do volume e chegamos a
setembro com 20%. Agora as perspectivas são sombrias para o segundo
semestre de 2015”, relatou o parlamentar. Eduardo
Salles propôs ao ministro a liberação de recursos para a aquisição
imediata de flutuantes previstos em um porjeto da CODEVASF (Companhia de
Desenvolvimento do Vale do São Francisco), descentralização das verbas
para pagamento dos funcionários terceirizados dos projetos - como o
Pedra Branca, em Curaçá, que já têm três meses sem receber salários -,
criação de linha de crédito para modernização dos sistemas de irrigação
dos projetos e retorno da assistência técnica oferecida aos produtores.
O
deputado fez uma apresentação técnica ao ministro sobre a situação no
Vale do São Francisco. Na região existem 25 pontos de captação de água
do rio São Francisco, sendo oito delas na Bahia. Os projetos Curaçá,
Maniçoba, Tourão, Salitre, Pedra Branca, Glória e Rodelas, caso o volume
continue a diminuir, terão problemas de captação. “Apenas Mandacaru,
criado em 1973, não terá problema”, disse o deputado.
A
irrigação na região permite a geração de 1,2 milhão de empregos, com
240 mil postos de trabalho diretos, e gera anualmente um PIB (Produto
Interno Bruto) de R$ 2 milhões, indicam os números da Embrapa. “Já
imaginaram o caos social se faltar água?”, questionou Eduardo Salles.
Petrolina,
Juazeiro e as cidades do entorno compõem o maior polo de irrigação do
Brasil, mas, conforme os números da Embrapa, 94% das propriedades
possuem de cinco a 20 hectares. A área total produz um milhão de
toneladas de frutas anualmente. Os destaques são os plantios de uva,
manga, banana, coco, goiaba, melão, acerola, maracujá, papaia e pinha.
“Essas
culturas são perenes. Um estresse hídrico ocasionaria a morte das
plantas e a recuperação econômica da região, na melhor das hipóteses,
demoraria mais de uma década”, explicou Eduardo Salles, que é engenheiro
agrônomo e foi secretário de Agricultura da Bahia. O custo para
implantar um hectare de fruticultura no Vale do São Francisco é de R$ 70
mil.
O
ministro informou que vai tentar viabilizar os recursos, apesar da
dificuldade no orçamento. “Mesmo que não tenhamos os R$ 120 milhões
previstos no projeto da Codevasf, vamos analisar o que podemos fazer. Já
pedi outros estudos”, disse Occhi.