O líder do PMDB na Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (RJ), só pode participar de negociações com o governo se estiver acompanhado do vice-presidente Michel Temer (PMDB), segundo determinação da presidente Dilma Rousseff (PT), que considera o parlamentar seu maior algoz no Congresso Nacional e o responsabiliza pela crise com os aliados.
A determinação tem por objetivo garantir que os compromissos assumidos pelo líder peemedebista serão cumpridos, uma vez que seriam chancelados por Temer, presidente licenciado da legenda. De acordo com uma fonte ligada ao partido, a presidente Dilma Rousseff considera que a responsabilidade sobre os movimentos de Eduardo Cunha na Câmara Federal são do vice-presidente, que funcionará como uma espécie de tutor do líder peemedebista.
A nova dinâmica teve início na segunda-feira. O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, havia procurado Cunha para negociar a votação do Marco Civil da Internet na quinta-feira da semana passada, mas a reunião foi cancelada. A presidente teria dito que a negociação só poderia ocorrer na presença de Temer. Uma nova reunião foi marcada para segunda, com Cardozo, Cunha, Temer e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti.
Nesta quinta-feira, para mais uma rodada de negociações sobre a Medida Provisória 627, que altera regras de tributação de multinacionais brasileiras entre outras alterações tributárias, Temer organizou uma reunião com Cunha e o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Cunha, relator da MP 627, tinha negociado o texto com a Fazenda durante semanas desde janeiro, sem dar satisfações a Temer nem a Ideli. Agora, por causa da nova determinação, o vice-presidente foi incluído na mesa de negociações.
A determinação da presidente Dilma Rousseff tem a ver com a eleição de Cunha para a liderança da bancada no ano passado. À época, Temer teria garantido à presidente que a cúpula do partido controlaria o deputado, evitando que ele criasse problemas para o governo. Agora, Dilma estaria cobrando a promessa.
Cunha liderou as derrotas sofridas pelo governo nas últimas semanas, aglutinando demais partidos aliados no chamado "blocão" e pressionou o governo por uma melhor interlocução com o Congresso Nacional. Ele também alimentou dentro do partido a discussão sobre a manutenção da aliança nacional do PMDB com o PT para a reeleição da presidente.