quinta-feira, 20 de março de 2014

A menção a relatórios ilusórios vem expor uma conduta inaceitável do governo e da Petrobras



 A resposta de Dilma Rousseff não está sujeita a contestações, até agora e, tudo sugere, também no futuro: a aprovação da compra, que se revelou catastrófica e suspeitíssima, de uma refinaria nos Estados Unidos foi aprovada pelo Conselho de Administração da Petrobras, presidido pela então ministra, em razão de relatórios incorretos, produzidos na própria estatal. Mas a resposta suscita outras perguntas.
O comando do conselho por Dilma, na época do negócio, recebeu relevo agora apesar de ter sido público e objeto de notícias em diferentes ocasiões. Por aí, nada de novo. Já a menção a relatórios ilusórios vem expor uma conduta inaceitável do governo e da Petrobras: por que o silêncio, até aqui, sobre esse e sobre os demais aspectos já constatados do negócio, não importa se negativos ou positivos? O que houve não foi a compra e não foi a perda de uns quantos milhões, em um negócio infeliz, mas uma aquisição bilionária com perda idem. Não é assunto para silêncio algum.
O que consta sobre a autoria dos relatórios perturbadores é o inverso do esperável em casos do gênero: elevação na hierarquia da estatal. Se é assim, por que é? O presidente da Petrobras à época, o Sérgio Gabrielli de presunçosos ares, obteve um tipo de corroboração muito sugestivo, na Bahia, para o desprezo com que tem tratado sua dívida de explicações públicas: ganhou o cargo de secretário de Planejamento do governo petista de Jaques Wagner. E, claro, inclui-se nos pretensos aspirantes a tornar-se governador. Aliás, em se tratando das eleições baianas, Salve a Bahia, Senhor.
O recente caso do suborno de funcionários da Petrobras, ora investigado na Holanda, recebe da estatal tratamento também impróprio quanto aos seus deveres públicos. Só mandou um funcionário à Holanda porque convidada a fazê-lo pela própria empresa SBM, que investiga a denúncia de subornos feita por um ex-funcionário. A SBM proporcionou todas as informações já disponíveis, sobre a destinação de US$ 136 milhões para facilitar sete grandes contratos, mas nada foi explicado pela Petrobras sobre o material recebido.
Nos dois casos, a conveniência de sigilo é falsa. Os participantes das ações questionadas não têm mais como manobrar com possíveis pistas e provas.