No depoimento prestado em setembro ao Ministério Público Federal, o
empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, condenado no Supremo por
operar o mensalão, relatou que recursos do esquema foram enviados a
Santo André após o assassinato do prefeito Celso Daniel (PT), ocorrido
em janeiro de 2002. Valério disse, segundo investigadores que tiveram
acesso ao depoimento sigiloso, que o dinheiro serviu para estancar
supostas ameaças e chantagens a petistas. Em sua edição desta semana, a
revista Veja informa que Valério foi procurado em 2003 pelo então
secretário-geral do PT, Silvio Pereira, a fim de que desse dinheiro ao
empresário de ônibus Ronan Maria Pinto. Ronan, como é conhecido,
estaria, segundo o petista, ameaçando dizer em público que o então
presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu principal assessor, o hoje
ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, seriam
os beneficiários do esquema de desvio de dinheiro público da prefeitura
de Santo André. O dinheiro do valerioduto, portanto, serviria para calar
Ronan num momento em que o Ministério Público Estadual ligava o esquema
de propina ao assassinato de Daniel, ocorrido um ano antes. Os
promotores alegavam que o prefeito tentou acabar com o esquema de
desvios de verba pública na cidade do ABC e, por isso, acabou
assassinado. "Nisso aí eu não me meto", teria dito Valério a Silvo
Pereira, ainda segundo o relato da revista. Com informações da Veja e do
Estadão.