Mônica Bergamo – Folha de S.Paulo
A equipe de advogados de Michel Temer estuda pedir a suspeição do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para que ele não possa mais atuar em ações contra o presidente da República.
O
martelo ainda não foi batido, mas a tendência é que a iniciativa siga
adiante –a não ser que o próprio Janot envie sinais de que está disposto
a um armistício, ou seja, a não mais apresentar novas denúncias contra Temer.
Na
semana passada, por exemplo, ele fez o oposto: pediu a inclusão do
presidente e de seus principais ministros, Eliseu Padilha (Casa Civil) e
Moreira Franco (Secretaria-Geral), em um antigo inquérito, conhecido
como "quadrilhão do PMDB", que investiga integrantes do partido na
Câmara dos Deputados.
O
pedido de suspeição, caso seja mesmo apresentado, deve relatar fatos
que serão definidos como "heterodoxos" e que comprometeriam a isenção de
Janot para investigar Temer.
Um
deles é ter dado crédito à gravação da conversa entre o empresário
Joesley Batista, da JBS, e o presidente sem pedir perícia para saber se
ela era verdadeira ou se tinha sido editada.
O
fato de Janot ter se reunido com parlamentares do PSOL semanas antes da
votação da denúncia contra Temer na Câmara dos Deputados e de ter até
respondido a um questionário feito por eles pode ser apontado como falha
grave pela equipe do presidente.
Como
parte do processo, o procurador-geral não poderia falar com os juízes
–no caso, os deputados, que julgariam se a denúncia poderia seguir no
STF (Supremo Tribunal Federal).
Depois da vitória na Câmara,
na quarta (2), Temer e seus ministros mais próximos passaram a analisar
a possibilidade de investir contra Janot para tentar evitar que novas
denúncias voltem a criar constrangimento para o governo.