O jornal O Estado de São Paulo entrou em contato com os 513 deputados
federais, por telefone, e-mail, mensagem ou pessoalmente. De acordo com
o placar, 162 deputados são favoráveis à admissibilidade da denúncia
por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer e 57 são
contrários. A maioria informou que não vai manifestar seu voto ou se
declarou indecisa: 293.
Na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, o parecer do
relator Sergio Zveiter (PMDB-RJ) deve ser divulgado na próxima semana - o
placar mostra que, dos 66 parlamentares do colegiado, 19 são favoráveis
à aceitação da denúncia, sete são contrários, 32 não responderam e 8 se
declaram indecisos. Para que o Supremo Tribunal Federal julgue a
denúncia da Procuradoria-Geral da República contra Temer, a Câmara deve,
antes, dar aval.
O processo é analisado na CCJ, que emite um parecer contrário ou
favorável ao processo. Independentemente do resultado na CCJ, o caso é
votado no plenário. Para que seja encaminhada ao STF, a denúncia precisa
do apoio de dois terços da casa (342 votos). Enquanto o PSDB sinaliza
que pulou do barco de Temer, o DEM dá sinais ainda de lealdade. Mas o
que se diz nos bastidores é que tem muita gente do partido conspirando,
porque na linha de sucessão, em caso de vacância do cargo, quem assume é
Rodrigo Maia, principal liderança democrata.
O presidente, senador José Agripino (RN), diz que o partido mantém o
apoio ao Governo e não vai "precipitar" um eventual afastamento do
presidente Michel Temer. Segundo ele, como o presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ), é o primeiro na linha sucessória da presidência
da República, a legenda não vai "empurrar nenhuma solução" para a saída
de Temer.
Agripino disse que, caso a denúncia seja aceita pela Câmara e Temer
seja afastado, o DEM vai apenas seguir o que determina a Constituição e
"manter seu compromisso com o País". Nesse caso, Maia assumiria o cargo
por até 180 dias até que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue o caso.
Se Temer for condenado, o democrata também é considerado o candidato o
favorito em caso de eleição indireta.
DÁ PARA ACREDITAR?– O presidente da Câmara, Rodrigo
Maia (DEM-RJ), declarou lealdade ao presidente Michel Temer (PMDB), no
momento em que existe defesa de seu nome por aliados do PSDB e do seu
partido como alternativa viável à crise que desestabiliza a posição do
peemedebista na Presidência. "Eu aprendi em casa a ser leal, a ser
correto e serei com o presidente Michel Temer sempre", disse o
democrata, em Buenos Aires, ao participar do encerramento do Fórum de
Relações Internacionais e Diplomacia Parlamentar.
Também investigado– O
presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), primeiro na linha
sucessória de Michel Temer (PMDB-SP), também é alvo de inquéritos no
Supremo Tribunal Federal. Recaem sobre ele citações de delatores da
Odebrecht sobre repasses, via caixa dois, nas eleições de 2008, 2010 e
2012. O valor total dado pela empreiteira, às margens da lei eleitoral, é
de R$ 1 milhão, segundo relataram os colaboradores à Procuradoria-Geral
da República. Nas planilhas do departamento de propinas da Odebrecht,
Maia era identificado por ‘Botafogo’, time pelo qual torce. Somente com
base nas delações da empreiteira, dois inquéritos tramitam no Supremo.