Em 15 dias, o Brasil pode ter o terceiro presidente de um mandato de
quatro anos, mas a substituição de Michel Temer (PMDB) pelo presidente
da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o primeiro na linha sucessória, está
longe de representar o fim da crise. A queda de Temer apenas atenua o
grave momento político que o País atravessa. Da mesma forma que o atual
presidente, Maia também está sendo investigado por abuso de poder
econômico, Lava Jato e uso do caixa dois.
Os holofotes ainda não estão direcionados a ele porque o alvo é
Temer. Maia só vira a bola da vez quando assumir, provisoriamente por
180 dias, período que Temer ficará afastado para fazer a sua defesa,
caso a Câmara dos Deputados aprove o pedido de investigação feito pelo
Supremo Tribunal Federal. Como Temer, Maia tem um grande lastro de apoio
na Câmara. Numa eleição indireta, é imbatível, porque conta com os
votos do baixo clero, a maioria silenciosa da Casa.
Mas Maia, mesmo mantendo a equipe econômica de Temer, à frente o
competente Henrique Meirelles, não garante a estabilidade política que o
País necessita para a retomada do desenvolvimento. Para que seja o
timoneiro da travessia para 2018, primeiro terá que se livrar de
processo de investigação de caixa dois. A Polícia Federal diz ter
indícios de que Maia recebeu propina de Léo Pinheiro, ex-presidente da
OAS, em troca de “favores políticos” à empreiteira no Congresso, entre
2013 e 2014.
A conclusão faz parte de um relatório da PF, revelado em reportagem
exibida pelo “Jornal Nacional”, na quarta-feira (8). A apuração da PF é
com base em mensagens encontradas no celular de Pinheiro, preso pela
Lava Jato, em que ele conversava com o então deputado federal.
Ele é acusado de participar do cartel de empresas, que fraudava
licitações e pagava propina para obter os contratos de interesse com
órgãos públicos. De acordo com o relatório, Maia atuou na Câmara pela
aprovação de medidas provisórias que beneficiavam interesses da OAS. Em
troca, o deputado pediu doações eleitorais para sua campanha em 2014.