quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

Acuado pelas delações, Planalto tenta sobreviver



A cúpula do Planalto e dirigentes dos principais partidos aliados decidiram “enfrentar” o Ministério Público Federal com o intuito de blindar o governo e sua base no Legislativo contra as delações da Odebrecht. Para tentar corroer parte do apoio popular à Lava Jato, a orientação é dizer que os procuradores jogam contra a recuperação do país. A tarefa parece inglória diante do baixíssimo capital político do Congresso e do próprio governo para fazer ofensivas do gênero contra a operação.
A declaração de Renan Calheiros de que o Ministério Público faz denúncia “nas coxas” não é, portanto, um ato isolado. Há quem defenda, porém, que governistas partam para cima de forma mais sub-reptícia.
Palacianos dizem que, se isso não resolver, podem buscar “outras maneiras de enfrentar a crise”. Lembram que depende do presidente vetar ou sancionar medidas contra o Judiciário e o Ministério Público.
O pedido de anulação da delação de Cláudio Melo Filho — que atinge a cúpula do PMDB — sugerido por Michel Temer em carta ao procurador-geral Rodrigo Janot é só o primeiro passo no sentido de anular a Lava Jato, dizem investigadores.
Como houve vazamentos de importantes colaborações premiadas até aqui, uma decisão assim abriria precedentes para inviabilizar a operação toda.  (Painel - Folha de S.Paulo)