A
cúpula do Planalto e dirigentes dos principais partidos aliados
decidiram “enfrentar” o Ministério Público Federal com o intuito de
blindar o governo e sua base no Legislativo contra as delações da
Odebrecht. Para tentar corroer parte do apoio popular à Lava Jato, a
orientação é dizer que os procuradores jogam contra a recuperação do
país. A tarefa parece inglória diante do baixíssimo capital político do
Congresso e do próprio governo para fazer ofensivas do gênero contra a
operação.
A
declaração de Renan Calheiros de que o Ministério Público faz denúncia
“nas coxas” não é, portanto, um ato isolado. Há quem defenda, porém, que
governistas partam para cima de forma mais sub-reptícia.
Palacianos
dizem que, se isso não resolver, podem buscar “outras maneiras de
enfrentar a crise”. Lembram que depende do presidente vetar ou sancionar
medidas contra o Judiciário e o Ministério Público.
O
pedido de anulação da delação de Cláudio Melo Filho — que atinge a
cúpula do PMDB — sugerido por Michel Temer em carta ao procurador-geral
Rodrigo Janot é só o primeiro passo no sentido de anular a Lava Jato,
dizem investigadores.
Como
houve vazamentos de importantes colaborações premiadas até aqui, uma
decisão assim abriria precedentes para inviabilizar a operação toda. (Painel - Folha de S.Paulo)