terça-feira, 22 de novembro de 2016

Como se não bastasse, Temer enfrenta nova crise


Ricardo Noblat

O episódio que põe em risco o emprego de Geddel Vieira Lima como ministro da Secretaria de Governo do presidente Michel Temer se resume a um pedido de vista – ou a mais de um. A saber:

* Ao comprar um apartamento em um prédio de 30 andares a ser construído em uma área tombada de Salvador, Geddel estava interessado na vista que de lá se descortina da belíssima baía de Todos os Santos, a maior do Brasil em extensão e a segunda do mundo. Só perde para o golfo de Bengala.
* Para retardar a abertura de processo contra Geddel na Comissão de Ética da presidência da República, o conselheiro José Saraiva, o único que deve, ali, sua indicação a Temer, pediu vista do processo, alegando que precisava de mais tempo para formar sua opinião a respeito.
* Diante da suspeita de que Saraiva agira assim por “ordem superior”, o que pegaria mal para Temer, o próprio Geddel telefonou para ele e pediu que desistisse do pedido de vista do processo. E assim fez Saraiva – só não se sabe se em atendimento ao pedido de Geddel ou por ter formado sua opinião a respeito do processo em um par de horas.
* Em seguida, Temer pediu vista do caso antecipando-se ao que a Comissão de Ética venha a decidir, e avisou por meio do seu porta-voz que Geddel será mantido no cargo. Só faltou acrescentar: “Doa em quem doer”.
A confusão não servirá para que Geddel resgate a tão desejada vista da baia de Todos os Santos, afinal a construção do prédio foi embargada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Servirá, apenas, para fazer sangrar um pouco mais a imagem de um governo com baixíssima taxa de aprovação.