Na sexta-feira passada, na entrevista sobre a situação da
economia com o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o ministro do
Planejamento, Romero Jucá, um jornalista questionou o segundo, saindo da
pauta da economia, sobre os seus problemas com a Operação Lava Jato.
Respondeu com algo assim: “estou tranquilo, não tenho nada a dever”.
Justo naquele momento o STF autorizava a quebra do seu sigilo bancário e
fiscal. O presidente em exercício, Michel Temer, levou para o seu
ministério políticos envolvidos com a corrupção, já citados na
Lava-Jato. Atendeu aos pedidos dos partidos políticos e as consequências
chegam já no início desta segunda semana de governo. Jucá, por estar na
área econômica, tida como a mais importante, é da inteira confiança do
presidente interino. Esperava-se que ele escolhesse um ministério
melhor. Na manhãzinha desta segunda-feira (23) explodiu a bomba sobre
uma conversa gravada em março, com nada menos de 1h15 minutos, entre o
ministro e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, cujo o teor
está nas mãos da Procuradoria-Geral da República. Basicamente, Machado
intima Jucá a “estancar a sangria”. Como a conversa foi muito longa, o
ministro passou a ser um interessado na questão, supostamente por ter
culpa no cartório. Machado disse que se fosse envolvido pela Operação, o
que temia, poderia fazer denúncias em relação ao PMDB, consequentemente
se tornaria um delator. Lá para as tantas, Romero Jucá prometeu que
“iria fazer um pacto” de sorte a deter a Lava Jato, o que a esta altura
seria praticamente impossível porque se tornou numa Operação que a
maioria da população brasileira entende com a única que pode levar às
últimas consequências a corrupção desenfreada no país. Brasília não
começou sequer a semana política e já há um movimento para que o
ministro do Planejamento renuncie a seu cargo. Saiu na frente o líder do
DEM, Pauderney Avelino. Espera-se que o PMDB, do qual Jucá é
presidente, se manifeste sobre a questão. Brasília assim, como sempre em
chamas, e o ministério de Temer cada dia mais complicado.