Negociando uma delação premiada, ex-vice presidente da Caixa
Econômica Federal Fábio Cleto confirmou pagamentos de propina ao
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), considerado seu padrinho
político. Indicado ao cargo por Cunha, Cleto negociou uma delação com a
Procuradoria-Geral da República (PGR) após ter sido alvo de uma operação
de busca e apreensão da Polícia Federal, em dezembro do ano passado.
Caso seja confirmada a denúncia, será a sétima vez que Eduardo Cunha é
citado em depoimentos da Lava Jato. Nessas denúncias preliminares, o
ex-vice da Caixa confirmou que houve os pagamentos de propina a Cunha já
relatados pelos delatores da Carioca Engenharia, Ricardo Pernambuco e
Ricardo Pernambuco Júnior. De acordo com os delatores, o presidente da
Câmara cobrou R$ 52 milhões de propina em troca da liberação de verbas
do fundo de investimentos do FGTS para o projeto do Porto Maravilha, do
qual a Carioca Engenharia obteve a concessão em consórcio com as
construtoras OAS e Odebrecht. "O congressista [Cunha] tinha comprovada
conexão com Fábio Cleto, então vice-presidente da instituição financeira
federal e membro do conselho curador do FGTS", escreveu Janot em
fevereiro, ao abrir um inquérito contra Cunha sobre o caso. Em eventual
afastamento da presidente Dilma Rousseff, Cunha será o segundo na linha
sucessória presidencial. O deputado já é alvo de duas denúncias da Lava
Jato, nas quais foi acusado de recebimento de propina. "Não conhecemos a
delação", afirmou a assessoria de Cunha, que já havia negado seu
envolvimento com a Carioca Engenharia.