Em
uma operação casada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o
vice Michel Temer iniciou nesta quarta (12) esforço em busca de um
acordo com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para aprovação de agenda contra a
crise econômica, mas o presidente da Câmara resiste. Em almoço com
deputados do PMDB, com a presença do presidente da Câmara, o vice
defendeu um entendimento com o Executivo.
A
fala ocorreu após reunião entre Temer e Lula com ministros e senadores
do PMDB, no Palácio do Jaburu, em Brasília. No encontro, peemedebistas
disseram que é necessário não alijar a Câmara e envolvê-la na aprovação
das medidas para que o governo consiga sair da crise.
Temer
disse que a Agenda Brasil oferecida ao governo pelo senador Renan
Calheiros (PMDB-AL) é adequada e que pretende fazer reunião conjunta com
Senado e Câmara "para que todos estejam juntos na tarefa".
"O
Renan jamais quis isolar o Senado em relação à Câmara. A ideia do Renan
sempre foi chamar a Câmara e é isso que farei com os deputados federais
do PMDB", disse Temer após o encontro.
O
presidente da Câmara está rompido com o governo desde julho. Ele
atribui ao Planalto articulações para envolvê-lo na Lava Jato. Ele é
suspeito de receber US$ 5 milhões em propina.
Em
discurso no almoço com o vice, Cunha disse que há esforço para colocar a
''pecha de golpista'' no PMDB, e não esboçou intenção de ajudar o
governo. Ele afirmou que a Casa está disposta a avaliar as medidas
elaboradas pelo PMDB no Senado, mas considerou que, até agora, o que se
viu foi um "jogo de espuma sem conteúdo concreto".
Nos
bastidores, aliados de Cunha afirmam que Renan se realinhou ao governo
em um acordo para preservá-lo das investigações da Lava Jato.
Autoridades com acesso às investigações da Lava Jato afirmaram à Folha que
o senador pode ficar fora da primeira leva de denúncias contra
políticos que será apresentada pela Procuradoria-Geral da República até o
fim do mês. Cunha deve ser denunciado.