quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Temer tenta barrar ação de Cunha na Câmara



Em uma operação casada com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Michel Temer iniciou nesta quarta (12) esforço em busca de um acordo com Eduardo Cunha (PMDB-RJ) para aprovação de agenda contra a crise econômica, mas o presidente da Câmara resiste. Em almoço com deputados do PMDB, com a presença do presidente da Câmara, o vice defendeu um entendimento com o Executivo.
A fala ocorreu após reunião entre Temer e Lula com ministros e senadores do PMDB, no Palácio do Jaburu, em Brasília. No encontro, peemedebistas disseram que é necessário não alijar a Câmara e envolvê-la na aprovação das medidas para que o governo consiga sair da crise.
Temer disse que a Agenda Brasil oferecida ao governo pelo senador Renan Calheiros (PMDB-AL) é adequada e que pretende fazer reunião conjunta com Senado e Câmara "para que todos estejam juntos na tarefa".
"O Renan jamais quis isolar o Senado em relação à Câmara. A ideia do Renan sempre foi chamar a Câmara e é isso que farei com os deputados federais do PMDB", disse Temer após o encontro.
O presidente da Câmara está rompido com o governo desde julho. Ele atribui ao Planalto articulações para envolvê-lo na Lava Jato. Ele é suspeito de receber US$ 5 milhões em propina.
Em discurso no almoço com o vice, Cunha disse que há esforço para colocar a ''pecha de golpista'' no PMDB, e não esboçou intenção de ajudar o governo. Ele afirmou que a Casa está disposta a avaliar as medidas elaboradas pelo PMDB no Senado, mas considerou que, até agora, o que se viu foi um "jogo de espuma sem conteúdo concreto".
Nos bastidores, aliados de Cunha afirmam que Renan se realinhou ao governo em um acordo para preservá-lo das investigações da Lava Jato.
Autoridades com acesso às investigações da Lava Jato afirmaram à Folha que o senador pode ficar fora da primeira leva de denúncias contra políticos que será apresentada pela Procuradoria-Geral da República até o fim do mês. Cunha deve ser denunciado.