O
procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa
da Operação Lava Jato no Ministério Público Federal, afirmou que não
pretende apoiar ou se envolver com as manifestações contra a presidente
Dilma Rousseff, marcadas para o dia 16 de agosto.
"Elas
estão com uma característica de manifestação por impeachment, e a gente
não acredita que o fim da corrupção endêmica vai ser pela mudança de um
governante", afirmou Dallagnol. "Nossa atuação não é política. Não
vamos nos vincular a isso, por um risco de má interpretação de nossa
postura e de nossa atuação", acrescentou, em reportagem da revista
Época, neste sábado, 1º.
O
procurador fala sobre o projeto de lei de iniciativa popular com penas
mais duras para quem pratica corrupção. A proposta pretende colher 1,5
milhão de assinaturas. "Quem pratica corrupção, faz uma análise de custo
e benefício. Nos custos, a pessoa analisa o tamanho e a probabilidade
de punição. A corrupção é um crime racional", afirmou.
No
dia do lançamento do vídeo no Youtube em que pede apoio ao projeto
contra a corrupção, Dallagnol deu uma palestra num seminário teológico
da Igreja Batista, no Rio de Janeiro. Criticado por fazer analogias da
Bíblia para defender o combate à corrupção, o procurador admitiu sua
crença, mas disse que sua atuação profissional é regida pelo laicismo.
"Quando
converso com pessoas que têm a mesma fé que eu, tenho a liberdade de me
expressar pelo ponto de vista desta fé. Mas meu trabalho como
procurador é guiado pela lei e pela Constituição, de modo laico", se
defendeu. (Paraná 247)