Diante do agravamento da crise, a presidente Dilma Rousseff decidiu
chamar todos os presidentes e líderes dos partidos da base aliada para
conversar durante esta semana. A decisão foi tomada após reunião com o
grupo da coordenação política do governo. Ao todo, 13 ministros, o
vice-presidente da República, Michel Temer, e dois líderes petistas no
Congresso participaram do encontro realizado neste domingo (9) à noite
no Palácio do Alvorada. Na semana passada, o Planalto foi surpreendido
com o anúncio de rompimento feito por dois partidos da base aliada, que
juntos somam 44 deputados na Câmara. Lideranças do PTB e PDT disseram
que não iriam mais seguir as orientações do governo, alegando falta de
diálogo. "A presidente quer dialogar com todos os partidos da base. Nós
reconhecemos as dificuldades políticas que estamos enfrentando, mas
temos a confiança que essas dificuldades serão superadas com diálogo",
afirmou o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva. O esfacelamento
da base aliada foi o principal assunto da reunião. O diagnóstico foi
direto: é preciso recompor a base, formada por nove legendas, para
garantir a governabilidade. Segundo Edinho, as conversas serão
realizadas separadamente com cada partido. "Nós temos que dialogar com
os partidos, temos 362 deputados e a gente perdeu eles, agora teremos
que recuperá-los", relatou um outro ministro presente na reunião. A
presidente também vai fazer um novo gesto de aproximação ao Senado. Na
noite desta segunda-feira, ela vai receber os principais nomes da Casa
para um jantar no Alvorada. A expectativa é que Dilma consiga o apoio
dos senadores, em especial do presidente da Casa, Renan Calheiros
(PMDB-AL), para barrar o avanço das pautas que prejudicam o ajuste
econômico. Para o ministro da Comunicação Social, os parlamentares têm
que agir com "responsabilidade" nas votações e levar em conta o
"interesse do país e do povo brasileiro". Segundo ministros presentes no
encontro, Temer pediu a palavra assim que a presidente terminou de
falar. Essa foi a primeira reunião do grupo após o vice, que também é o
articulador político do governo, ter dito em público que o país
precisava de "alguém que tenha a capacidade de reunificar a todos". A
fala foi vista com desconfiança por petistas diante da possibilidade da
abertura de um pedido de impeachment contra Dilma.