segunda-feira, 10 de agosto de 2015

Opinião: A crise é Dilma


Por Samuel Celestino
Opinião: A crise é Dilma

Dilma se tornou a própria crise. A sua sustentação no cargo dependerá de alguns fatores, principalmente o que ela representa: a incompetência para gerir, dialogar e o desmantelamento que ora se verifica no PT, que perdeu o comando no Congresso. Daí as derrotas seguidas que o Palácio do Planalto tem experimentado. Ontem à noite a presidente se reuniu com 13 ministros, além de Michel Temer e seus dois líderes congressuais. O assunto não foi a crise, porque a crise está dentro do Palácio do Planalto refletida no espelho da presidente. O temor que gera a desarrumação política chegou às ruas em forma do impeachment, que poderá vira a ser - ou não ser - a depender dos próximos dias, com a decisão do Tribunal de Contas da União e, em seguida, de como repercutirá na Câmara dos deputados se a decisão for negativa. O curioso é que o seu vice e interlocutor para assuntos políticos, Michel Temer, poderá se transformar numa solução se Dilma cair por impeachment, ou num problema se a crise se institucionalizar e chegar ao Supremo Tribunal Federal, STF, única forma legal e constitucional para a realização de uma nova eleição para os dois cargos,  presidente e vice. Fora daí é golpe. O Brasil é hoje uma democracia e pelas vias democráticas terá que encontrar a saída da crise que atravessa, na economia, na política, oriundas de erros do PT, que construiu a corrupção hoje generalizada dentro do próprio governo, isso na época em que José Dirceu dava as cartas.  Lula, então, comandava o país. Os próximos dias serão cruciais para o quesito corrupção, a partir da Operação Lava Jato, se dois importantes empresários falarem, em delação premiada: Léo Pinheiro e Marcelo Odebrecht. Se tal acontecer, cai o rei de ouro, e o Brasil conhecerá o Brasil que os brasileiros não tinham conhecimento. Estamos imersos numa situação de complicação inimaginada.  Por não se desejar golpe de estado, tudo ficará na dependência do Judiciário. O poder antes tido como o mais fraco, será o mais forte. O Executivo, antes o mais forte, fragilizou-se com o desastre Dilma e o Legislativo também vive a sua própria crise política. Será, no entanto, decisivo se houver as mudanças que se vislumbram ali na esquina. Como na antiga brincadeira infantil da cabra-cega, Dilma hoje seque sabe de onde vem e para onde vai. Sua memória está voltada para três décadas atrás, quando ela e muitos milhares e milhares de brasileiros combateram a ditadura. Daí repetir nos discursos recentes que é forte. Foi. Há três décadas. Hoje é cabra-cega. Rodopia como um pião.