quinta-feira, 6 de agosto de 2015

Grupo do PMDB deve romper com Dilma






Reunidos na noite desta quarta-feira no restaurante de um hotel de Brasília, cerca de 20 deputados do PMDB inauguraram um movimento para articular o desembarque do partido da gestão Dilma Rousseff. Presidente da legenda e articulador político do governo, o vice-presidente Michel Temer foi informado sobre a novidade. Além dos deputados, integra o grupo o ex-ministro Geddel Vieira Lima, amigo de Temer.

Formou-se durante o jantar um sólido consenso: para os peemedebistas presentes, Dilma Rousseff preside um governo em estágio terminal. Avaliou-se que o agravamento da crise econômica e a deterioração da conjuntura política devem abreviar o segundo mandato da presidente. Concluiu-se que o PMDB precisa tomar distância da aliança com Dilma e o PT.

Discutiu-se na conversa a hipótese de divulgação de um manifesto recomendando que Michel Temer se afaste da coordenação política do governo. Optou-se por protelar o gesto. Horas antes, o vice-presidente dissera em entrevista que o país precisa de “alguém que tenha capacidade de reunificar todos”, apresentando-se como personagem apto para exercer o papel. “Caso contrário, podemos entrar em uma crise desagradável para o país.”

O grupo pró-rompimento marcou um novo encontro para a semana que vem. Seus integrantes desejam calibrar os próximos movimentos com os avanços da conjuntura. Avaliam que as hipóteses de afastamento de Dilma —por impeachment, renúncia ou cassação pelo TSE— dependem de fatores alheios à vontade dos políticos. Entre eles o tamanho do ronco que as ruas darão em 16 de agosto.

De concreto, por ora, apenas a evidência de que o PMDB já não se constrange de discutir abertamente o rompimento com o governo. O movimento anti-Dilma não está restrito à Câmara. Existe também no Senado. Ali, caciques do PMDB abriram um canal de diálogo com o PSDB.

Na noite de terça-feira, os senadores tucanos Aécio Neves, José Serra, Cássio Cunha Lima e Tasso Jereissati reuniram-se com os peemedebistas Renan Calheiros, Romero Jucá e Eunício Oliveira. Une-os a impressão de que o governo Dilma derrete na proporção direta da deterioração dos indicadores econômicos. Separa-os a visão sobre o desfecho mais adequado para a crise.

Na opinião de Aécio, na eventualidade de ocorrer o afastamento, o substituto de Dilma precisaria do aval das urnas. O problema é que a convocação de novas eleições depende do TSE. Só ocorreria se o tribunal cassasse Dilma e Temer por irregularidades na prestação de contas da campanha de 2014.

Além de ser improvável, essa fórmula distancia o tucanato da maioria dos peemedebistas, que prefere uma solução que passe por Michel Temer.