A defesa do Alberto Youssef pediu nesta sexta-feira (31) a revogação da
autorização de ida do doleiro à Brasília para o juiz Sérgio Moro. Ele
viajará de Curitiba (PR), onde está preso na Superintendência da Polícia
Federal, para participar de uma acareação com Paulo Roberto Costa na
CPI da Petrobras na próxima quinta-feira (6). Segundo informações do
jornal O Globo, o advogado Antônio Figueiredo Basto diz que o
deslocamento de Youssef compromete sua segurança e coloca em risco sua
“integridade física e moral”. Ele solicitou ao magistrado que o
depoimento de Youssef à CPI seja feito em Curitiba, e afirma que a ida
para a capital federal seria onerosa e que os deputados já tem viagem
agendada ao Paraná. O pedido foi feito um dia depois de a advogada
Beatriz Catta Preta, que defendeu nove delatores da Operação Lava-Jato,
ter afirmado que abandonaria a profissão por se sentir ameaçada por
integrantes da CPI da Petrobras. Na petição protocolada por Figueiredo
Basto, ele diz que a comissão tem atuado para constranger e intimidar
pessoas: “Há muito a CPI perdeu o foco de seu objeto originário,
desvirtuando-se de sua finalidade precípua, para se tornar um escoadouro
de interesses subalternos, a fim de constranger e intimidar pessoas”.
Entre os motivos que justificam a avaliação de Basto estão a quebra de
sigilo dos familiares do doleiro; a convocação de Catta Preta para falar
sobre a relação com seu cliente; a aprovação de centenas de
requerimentos sem fundamentação e o pedido de acareação entre a
presidente Dilma Rousseff e Youssef, cuja improcedência, para o
advogado, “salta aos olhos”. Há 15 dias, o doleiro afirmou em depoimento
à Justiça Federal que estava sendo intimidado por um “pau mandado do
presidente da Câmara, Eduardo Cunha”, em menção ao deputado federal
Celso Pansera (PMDB-RJ) que fez dois requerimentos de quebra de sigilos
bancário e fiscal da ex-mulher e das duas filhas de Youssef. As
solicitações foram vetadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). “A
lógica da gangue continua vigorando: intimidação e corrupção. Portanto, é
preciso tomar todas as cautelas para que os conchavos entre poder
político e econômico não prosperem e façam cair por terra toda
investigação.”