O texto do fator previdenciário inserido na Medida Provisória (MP)
664, prevista para ser votada hoje, no Senado, virou motivo de queda de
braço entre líderes do governo e do PMDB. Do lado da bancada do partido,
há o receio de que, se o governo conseguir manobrar no plenário e pôr a
votação da matéria somente após a discussão de outras duas propostas do
ajuste fiscal, o desgaste de o fator previdenciário não ser votado
recairia sobre a legenda.
Atualmente, a pauta de votação da Casa prevê a seguinte ordem: MP
665, que restringe acesso ao seguro-desemprego e ao abono salarial; MP
664, que trata de mudanças na Previdência e no fato, e MP 668, que trata
do aumento das alíquotas de Programa de Integração Social
(PIS)/Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) de
produtos importados.
Desde a última semana, integrantes do governo têm orquestrado nos
bastidores uma manobra para ser aplicada no plenário colocando por
último a votação da MP 664. Nos cálculos de alguns líderes governistas,
em razão da longa discussão que deve ocorrer em torno das propostas, a
que cria uma alternativa ao fator previdenciário poderia não ser votada a
tempo e, dessa forma, perderia os efeitos.
As MPs 665 e 664 perdem a eficácia na próxima segunda-feira. Assim, a
administração federal se livraria do desgaste de um possível veto da
presidente Dilma Rousseff na questão do fator previdenciário. Diante
desse cenário, o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), entrou
em campo em busca de apoio para tentar impedir a manobra.