O
ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa admitiu, em
depoimento de seis horas à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
da Petrobras, que participou do esquema de corrupção na estatal e
apontou três fatores que, segundo ele, permitiram que o esquema
existisse: a atuação de “maus políticos”, a formação de cartel das
empresas e a deficiência dos projetos de engenharia da Petrobras, que
admitiam seguidos aditamentos e aumento de custos.
Ele confirmou o que já havia dito em
mais de 60 depoimentos à Justiça Federal, em que detalhou o esquema de
formação de cartel e o pagamento de propina por parte das empresas para
partidos políticos, operadores do esquema e funcionários da Petrobras,
como ele e o ex-diretor de Serviços da estatal, Renato Duque.
“Eu errei, mas esse processo só começou
devido aos maus políticos e a empresas, que não são inocentes, e doaram
dinheiro a políticos. Isso é um câncer na sociedade”, disse.
Relações ilícitas
Ele disse, no depoimento, que teve contato pessoal e relações ilícitas, que envolviam pagamento de dinheiro, com 28 políticos dos 52 que estão sendo investigados pelo Ministério Público Federal, com autorização do Supremo Tribunal Federal. Segundo Costa, o esquema financiava principalmente três partidos: PT, PP e PMDB.
Ele disse, no depoimento, que teve contato pessoal e relações ilícitas, que envolviam pagamento de dinheiro, com 28 políticos dos 52 que estão sendo investigados pelo Ministério Público Federal, com autorização do Supremo Tribunal Federal. Segundo Costa, o esquema financiava principalmente três partidos: PT, PP e PMDB.
“Quem teve relacionamento impróprio com o
senhor?”, perguntou o deputado Ivan Valente (Psol-SP), deixando claro
que “relacionamento impróprio” significava recebimento de dinheiro
ilícito para campanhas.
O deputado leu os nomes dos 52 investigados e Costa implicou os seguintes:
- os senadores Ciro Nogueira (PP-PI), Renan Calheiros (PMDB-AL), Romero Jucá (PMDB-RR), Edson Lobão (PMDB-MA), Valdir Raupp (PMDB-RO), Gleisi Hoffmann (PT-PR), Humberto Costa (PT-PE), Lindberg Faria (PT-RJ) e Fernando Bezerra (PSB-PE);
- os deputados Benedito de Lira (PP-AL), Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), Simão Sessim (PP-RJ), Luiz Fernando Faria (PP-MG), José Otavio Germano (PP-RS), Mário Negromonte (PP-BA), Aníbal Gomes (PMDB-CE), Eduardo da Fonte (PP-PE), Arthur Lira (PP-AL) e Nelson Meurer (PP-PR);
- os ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE), Pedro Henry (PP-MT), Cândido Vaccarezza (PT-SP) e João Pizolatti (PP-SC);
- os ex-senadores Sérgio Guerra (PSDB-PE), já falecido, e Roseana Sarney (PFL-MA);
- o ex-ministro das Comunicações Paulo Bernardo (PT);
- o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB); e
- o atual governador do Rio de Janeiro, Luiz Fernando Pezão (PMDB).
Paulo Roberto Costa disse não conhecer
outros políticos investigados pelo Ministério Público, como o presidente
da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha. Ele disse também que não
conhecia o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto – apontado por Youssef e
outros delatores do esquema como operador do partido.
Ele afirmou, porém, que conheceu o
empresário Fernando Soares, o Baiano, apontado pelo Ministério Público
como operador do PMDB. Soares teria pago a ele 1,5 milhão de dólares
para que o então diretor da Petrobras “não atrapalhasse” a compra da
refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Campanhas eleitorais
Ele relacionou o pagamento de propina a partidos e políticos com campanhas eleitorais.
Ele relacionou o pagamento de propina a partidos e políticos com campanhas eleitorais.
Segundo o ex-diretor da Petrobras,
doações de campanha feitas por empresas a partidos e políticos não
passam de uma espécie de “empréstimo” – como já tinha dito em
depoimentos de delação premiada. “Não existe doação que depois a empresa
não queira recuperar. Isso foi me dito por empresários”, disse. “Várias
doações oficiais vieram de propina. Está claro na operação Lava Jato”,
acrescentou. “Por que uma empresa vai doar R$ 20 milhões para uma
campanha se lá na frente ela não vai querer isso de volta? Não existe
almoço grátis”, concluiu.
Segundo Paulo Roberto Costa, esquema de
irregularidades semelhante ao que funcionava na estatal ocorria também
em outras áreas, como no setor elétrico. Ele falou especificamente da
construção da usina nuclear Angra 3, o que foi dito à Justiça pelos
empresários Eduardo Leite , ex-diretor da empreiteira Camargo Correa.
Em depoimentos à Justiça, Costa
acrescentou ainda a construção de hidrelétricas. Costa disse isso ao
responder pergunta do deputado Valmir Prascidelli (PT-SP)
Outros partidos
Além do PT, PP e PMDB, Costa relatou casos em que dinheiro foi pago também a outros dois partidos, o PSB e o PSDB. Ele afirmou que autorizou pessoalmente o pagamento de R$ 20 milhões para a campanha do então governador de Pernambuco Eduardo Campos, em 2010. Segundo o ex-diretor, o pagamento foi intermediado pelo senador Fernando Bezerra, na época assessor de Campos.
Além do PT, PP e PMDB, Costa relatou casos em que dinheiro foi pago também a outros dois partidos, o PSB e o PSDB. Ele afirmou que autorizou pessoalmente o pagamento de R$ 20 milhões para a campanha do então governador de Pernambuco Eduardo Campos, em 2010. Segundo o ex-diretor, o pagamento foi intermediado pelo senador Fernando Bezerra, na época assessor de Campos.
Ele também confirmou à CPI teor de
depoimento que já havia prestado à Justiça Federal, em que acusa o
deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) e o ex-presidente do PSDB Sérgio
Guerra de cobrança de propina de R$ 10 milhões para evitar investigações
de uma comissão parlamentar de inquérito no Congresso.
“Eu recebi um pedido do deputado Eduardo
da Fonte para se encontrar comigo e, chegando lá, estava também o
senador Sérgio Guerra. Eles me disseram que estava ocorrendo uma CPI
sobre a Petrobras e que isso poderia ser minorado ou postergado, mas que
precisava ter um ganho, um ajuste financeiro”, disse.