As críticas do ex-presidente Lula ao projeto da terceirização
aprovado pela Câmara dos Deputados, feitas por ele no programa de
televisão do PT nesta terça-feira (5), irritaram o PMDB. O líder
peemedebista na Casa, deputado Leonardo Picciani, disse que a legenda
decidiu retirar o apoio integral à Medida Provisória 665, que altera as
regras de concessão do seguro-desemprego e do abono salarial. "Vamos
seguir a orientação do ex-presidente Lula: vamos combater a retirada dos
direitos do trabalhadores. Diferente do que se apregoa, o projeto 4.330
das terceirizações não retira direitos do trabalhadores. Já Medida
Provisória 665, não vou dizer que acaba com o direito do trabalhador,
mas ela flexibiliza os ganhos dos trabalhadores", afirmou Picciani. O
peemedebista chamou o ajuste fiscal de "sacrifício" que o partido
apoiaria para ajudar o governo. Ao longo do dia, a costura do apoio do
PMDB exigiu que o bancada do PT superasse divergências para votar
favorável à MP 665. Contudo, o PMDB já estava irritado com o fato de o
PT não ter fechado questão para votar em bloco, o que significa que quem
votasse contra não seria punido. "Nós precisamos entender o que quer o
governo e o quer o partido da presidente da República. Se quer na tela
da televisão aparecer de uma forma e aqui, nas palavras do ministro Levy
e da própria presidente, nos solicitar outra (postura). Ou se de fato o
país atravessa um momento difícil e, para superá-lo e voltar a se
desenvolver, é preciso um remédio amargo", disse. Picciani cobrou do PT
um alinhamento com o Palácio do Planalto na defesa do ajuste. "Não
votaremos a MP 665 amanhã, não mais, até que o Partido dos Trabalhadores
nos explique o que quer e, se for o caso, que feche questão para
votação das matérias do ajuste fiscal", disse. "Se não for assim, não
conte conosco", completou. O líder do governo na Câmara, José Guimarães
(PT-CE), pediu calma para superar as divergências. Ele tentou minimizar a
fala de Lula a dizer que não se pode impedir que o PT fale ou deixe de
falar sobre qualquer assunto nos programas de televisão e que as
críticas do ex-presidente fazem "parte do jogo" político. "É fundamental
que daqui para amanhã continuemos trabalhando", disse.