Dilma é pressionada a punir Manoel Dias, do PDT, que votou contra Planalto
Concluída
a votação da primeira medida do ajuste fiscal, líderes da base
governista e assessores presidenciais decidiram pedir nesta quinta-feira
(7) a Dilma Rousseff a saída do ministro Manoel Dias (Trabalho), do
PDT.
Na
avaliação de aliados e ministros, a posição do ministro ficou
insustentável depois que todos os 19 deputados do partido presentes à
votação de quarta (6) traíram a presidente e votaram contra o texto
básico da medida provisória 665, que restringe o acesso a benefícios
trabalhistas.
A
insatisfação foi transmitida pelo vice-presidente Michel Temer (PMDB) a
Dilma, que ficou de avaliar a questão nos próximos dias. A expectativa
no Palácio do Planalto é que a presidente opte pela demissão de Manoel
Dias para usar o caso como exemplo.
Segundo
um assessor palaciano, é admissível que haja traições em alguns
partidos, como ocorreu em todas as siglas governistas, mas não é
tolerável uma votação em bloco contra o governo, como ocorreu com o PDT.
"Não
me cabe dizer qual é o futuro da bancada do PDT. Me cabe dizer o
seguinte: base é base, tem que ser base de manhã, de tarde e de noite",
disse o líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE).
O
PT pretende assumir a pasta do Trabalho se Manoel Dias for demitido. O
ministro mandou dizer, por meio de sua assessoria, que o voto contra o
governo foi uma decisão da bancada, e não do partido. E que ele continua
a favor da aprovação da MP.
'DEPRIMENTE'
Entre
as defecções estão dois dos mais enfáticos críticos do PT, o
ex-presidente da sigla Rodrigo Maia (RJ) e o ex-líder da bancada José
Carlos Aleluia (BA), que votaram novamente a favor do governo.
O
senador Ronaldo Caiado (GO), líder do DEM no Senado, divulgou nota
pedindo desculpas aos eleitores e classificando a atitude dos deputados
como "deprimente" e uma "traição ao sentimento da população
brasileira". (Da Folha de S.Paulo – Ranier Bragon, Valdo Cruz, Bruno Boghosian)