Presença de Sergio Moro revolta criminalistas que tradicionalmente patrocinam evento de direito penal
Escritórios
de advocacia que defendem empresários investigados pela Operação Lava
Jato decidiram que não apoiarão a nova edição do seminário anual do
IBCCrim (Instituto Brasileiro de Ciências Criminais), considerado um dos
eventos de maior prestígio do mundo jurídico.
O
motivo dos escritórios, que tradicionalmente patrocinam o evento, é a
participação do juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos da
Lava Jato no Paraná, em uma das mesas da 21ª edição do seminário, em
agosto.
Quatro advogados confirmaram à Folha que não financiarão o seminário deste ano por causa do convidado.
Entre
eles estão José Luis de Oliveira Lima, defensor de Erton da Fonseca,
diretor da Galvão Engenharia; Celso Vilardi, advogado de João Auler,
presidente do conselho de administração da Camargo Corrêa; e Arnaldo
Malheiros, que mantém em sigilo o nome de seu cliente na Lava Jato.
"Não
vou pagar para dar palco a quem viola constantemente o direito de
defesa e falará sobre colaborações que sabemos bem como se dão", afirmou
Malheiros, referindo-se à delação premiada, tema da mesa composta por
Moro.
Parte
dos criminalistas que trabalham na Lava Jato condena esse tipo de
colaboração. E alguns ainda reclamam que as prisões decretadas por Moro
foram usadas como pressão para obter delações.
Descontente
com o palestrante, um dos advogados chegou a pagar a primeira parcela
de sua cota de R$ 12 mil no evento, mas pediu depois que ela fosse
direcionada à biblioteca do instituto.