domingo, 5 de abril de 2015

Leia: eles caem na farra e você paga


Decisão da mesa diretora da Câmara autoriza os deputados federais a omitirem comprovantes de despesas que revelam sua “intimidade”. Não está claro o que consideram despesas “íntimas”. Podem ser cirurgias plásticas, estoque de viagra, viagens particulares, compra de vinhos e cachaça, gastos com motel ou com empresa de segurança das quais o parlamentar é dono etc. Para todos esses casos há precedentes.
O “cotão” mensal de R$ 37 mil dos deputados já pagou até contas de motel do deputado e ex-ministro do Turismo Pedro Novais (PMDB-MA).
Francisco Tenório (PMN-AL) fez o contribuinte pagar 4 reais de uma dose de cachaça. O salário do deputado federal é de R$ 33.763,00.
Edmar Moreira (ex-DEM-MG), o “deputado do castelo”, usou verba da Câmara para pagar R$ 15 mil às próprias empresas de segurança.
Em dois meses, a bancada do DEM na Câmara gastou R$ 528 mil com cota parlamentar, a “mesada” para custear a vida das excelências no mandato; combustível, telefonia e divulgação de atividade parlamentar.
O recordista em gastos, na bancada do DEM, foi o deputado Marcelo Aguiar (SP): R$ 94 mil, bem mais que o segundo, Onyx Lorenzoni (RS), R$ 63 mil. O líder, Mendonça Filho, foi bem mais comedido: R$ 36 mil.
O ex-deputado Camilo Cola (PMDB-ES) chegou a pedir à Câmara o ressarcimento de 62 centavos gastos com telefonia. Certamente por isso é um dos homens mais ricos do Brasil, com fortuna de R$ 1 bilhão.
A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) promoveu debate, na Comissão de Assuntos Econômicos, que foi uma delícia: estabelecer teor mínimo de 35% de cacau para que um produto seja considerado chocolate.
O ministro Vital do Rêgo, do Tribunal de Contas da União, ainda ocupa apartamento do Senado, sem pagar aluguel, enquanto o suplente Raimundo Lira (PMDB-PB) recebe R$ 4,3 mil de auxílio-moradia.
Em fevereiro, o plenário do TCU aprovou auxílio-moradia de R$ 4,3 mil para ministros e procuradores que atuam no tribunal. Quando o auxílio para o Judiciário começar a valer, a conta será de R$ 1,5 bilhão/mês.
Em janeiro, em campanha para a presidência da Câmara, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) gastou R$ 10,3 mil só com telefonemas. Ele ganhou a eleição e o contribuinte a conta para pagá-los.