O PT, quem diria, está envergonhado da sua líder maior, a presidente
Dilma, e tem faltado com sua defesa no Congresso diante dos ataques da
oposição. Já se foram os tempos em que os petistas davam o sangue, a
alma e a vida pelo Governo. Hoje, seja na Câmara ou no Senado, Dilma é
duramente atacada e não se ouve um petista levantar a voz em sua defesa.
A mão estendida vem de outras lideranças partidárias, longe de
encarnar o cordão vermelho do PT. Na passagem pelo Recife, sexta-feira
passada, o ex-presidente Lula, que não reservou nem um minuto da sua
agenda para confabulações com os petistas pernambucanos, se derramava em
elogios a um deputado que vem se revelando no Congresso pela coragem de
rebater as contestações contra o Governo.
Ele nunca teve o coração vermelho e passa longe da caterva petista.
Atende pelo nome de Silvio Costa (PSC), ungido vice-líder do Governo na
Câmara dos Deputados por vontade da própria presidente. “Cadê o bravo
Silvio que não está aqui entre nós”, quis saber Lula, na tarde de
sexta-feira, dirigindo-se a correligionários que o foram recepcionar no
aeroporto e depois na festa de inauguração da cervejaria Itaipava.
Num desabafo, Lula comparou Silvio Costa a Doutel de Andrade, uma das
raras aves vivas do Congresso na crise da era Jango que defendia o
Governo dos virulentos ataques de Carlos Lacerda, o maior líder da
oposição, apelidado de “O Corvo”, pela forma corajosa que combateu e
destruiu Getúlio Vargas.
Um dos parlamentares mais assíduos do Congresso, Silvio Costa, na
verdade, tem sido, provavelmente, uma das raras vozes que ainda saem em
defesa de Dilma, enfrentando de peito aberto o bombardeio da oposição,
seja na CPI da Petrobras, nas comissões em que se discutem temas
desfavoráveis ao Governo e, principalmente, no plenário, como
vice-líder.
Articulista conceituadíssima da mídia nacional, Teresa Cruvinel, foi
uma das primeiras, como Lula, a reconhecer o talento de Silvio Costa e
sua disposição de leão para defender o Governo. “Ele é de um pequeno
partido, o PSC, mas age com a desenvoltura dos caciques das grandes
siglas”, afirmou, para acrescentar:
“Seu partido é hesitante, mas ele é um governista mais ativo que
muitos petistas. E desde que Eduardo Cunha tornou-se uma espécie de rei
da Câmara, ele tem se destacado como o único com disposição para
enfrentá-lo”.