Quando Dilma Rousseff fala em combater a impunidade, eu saco logo um procurador da Operação Lava Jato. Enquanto a presidente anunciava
na TV o seu “pacote anticorrupção”, a Folha publicou uma entrevista com
Carlos Fernando dos Santos Lima, integrante da força-tarefa que
investiga o esquema de corrupção na Petrobras.
Lima não só defende a operação da vigarice de que ela está gerando
desemprego (“quem quebrou o Brasil, se houver quebra do Brasil, terá
sido a corrupção”), como também desmascara uma das medidas incluídas no
pacote de Dilma: a de encarregar a Controladoria-Geral da União de fazer, à margem da Justiça, acordos de leniência em que as empreiteiras paguem pesadas multas, mas continuem trabalhando para o governo.
“Agora, eu acho que a solução pretendida pela CGU pode até
salvar empresas e empregos, garantir a continuidade de serviços. Mas ela
premia injustamente o acionista, o dono dessa empresa. Porque ele se
beneficiou de um esquema e vai ser salvo. Então desapropria essa
empresa, pega o dinheiro, coloca num fundo para devolver para a
Petrobras e privatiza a empresa em capital aberto. Porque você salva a
empresa e não premia o executivo.”
Traduzo mais uma vez aquilo que o jurista Modesto Carvalhosa também já explicou
com todas as letras: Dilma vende impunidade como medida “anticorrupção”
para beneficiar empreiteiros em troca do silêncio sobre o envolvimento
de petistas como ela no petrolão. O objetivo de Dilma, como disse
Carvalhosa, é fazer uma anistia ampla, geral e irrestrita.
E aí? Já separou a panela para o Jornal Nacional?