A
Comissão de Agricultura e Política Rural da Assembleia Legislativa da
Bahia recebeu nesta terça-feira (17) representantes da CODEVASF
(Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) e
do setor produtivo do Vale do São Francisco para uma sessão especial,
com o objetivo de discutir a questão da seca na região. Também
participaram da sessão os prefeitos de Juazeiro e Sobradinho, Issac
Carvalho e Luiz Vicente Berti.
Estudos feitos
pela CODEVASF apontam que os perímetros mais críticos são os projetos de
irrigação Maniçoba e Pedra Branca, nos municípios de Juazeiro e
Curaçá/Abaré, onde o risco de colapso é iminente. "Só em Juazeiro, mais
de 100 mil pessoas serão afetadas pela falta d'água", avalia Petrônio
Campos, técnico da Companhia. Segundo ele, seria necessário investir de
seis a oito milhões em flutuantes, que se assemelham ao que foi feito no
Sistema Cantareira. Os flutuantes são equipamentos que recebem
motobombas e podem bombear água para canais.
O
deputado Eduardo Salles, membro titular da Comissão, sugeriu que o grupo
do qual faz parte fosse à Brasília para uma reunião com o Ministério da
Integração Nacional, da qual também participariam o Governo do Estado
da Bahia e três secretarias envolvidas na questão: SDR (Secretaria de
Desenvolvimento Rural), SEAGRI (Secretaria da Agricultura, Pecuária,
Irrigação, Pesca e Aquicultura) e SIHS Secretaria de Infraestrutura
Hídrica e Saneamento). "O objetivo da reunião seria captar recursos para
solucionar o problema desses dois projetos cuja situação é crítica",
explica o deputado.
O segundo passo seria a
criação de um grupo técnico, liderado pela CODEVASF e formado por
profissionais de nível nacional e internacional, para estudar quais são
as melhores opções captação de água, visando a manutenção da irrigação
das demais áreas. "E não estamos falando apenas dos grandes projetos de
irrigação. Os irrigantes ribeirinhos também estão sofrendo muito",
completa Eduardo Salles, lembrando ainda dos estados de Pernambuco,
Alagoas e Sergipe, que também são afetados pela grave situação. "Depois
dos estudos, é necessário fazer uma mobilização política, independente
de partidos. Todos os poderes devem se juntar em mutirão para cuidar
disso com o zelo necessário", defende o deputado.
Atualmente,
o Lago de Sobradinho encontra-se com apenas 18% de sua capacidade. No
mesmo mês do ano passado, o volume útil passava de 50%. A situação
ameaça 240 mil empregos em mais de 120 mil hectares irrigados, que
movimentam a economia da região do Vale do São Francisco. "Sou uma
pessoa da área e confesso que nunca vi nada igual. A situação é
realmente muito grave e é preciso que as providências sejam imediatas e
objetivas", completa.