O presidente do Bradesco, Luiz Carlos
Trabuco, recusou convite da presidenta Dilma Rousseff para comandar o
ministério da Fazenda a partir de 1º de janeiro de 2015. Um dos nomes
mais cotados para substituir o ministro Guido Mantega, cuja saída foi
anunciada por Dilma durante a disputa presidencial, Trabuco era também
uma das preferências do ex-presidente Lula. Com a negativa, o
ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles vira um dos
favoritos. A informação
foi divulgada nesta segunda-feira (3) pelo jornal Valor Econômico. De
acordo com o periódico, a recusa de Trabuco não resultou em nova
tentativa, por parte do Planalto, de insistir na indicação, com a
intenção de fazê-lo mudar de ideia.
Ao Valor, um executivo próximo a Trabuco
disse não fazer sentido a ida dele para a Fazenda, um posto com
subordinação direta à Presidência da República, devido ao seu perfil
“muito propositivo”. “Quem conhece Trabuco sabe também que ele não tem
esse perfil [para o ministério]”, disse o interlocutor, para quem o
presidente do Bradesco não faria exigência a Dilma para chefiar a
Fazenda. “Até por essa característica pessoal, não faria sentido ele
deixar o comando do Bradesco para assumir uma função no governo.”
O executivo ressaltou o comprometimento de
Trabuco, à frente do segundo maior banco privado do país, com “a coisa
pública, o bem comum”. Justamente devido a essa característica, disse a
fonte, não o surpreendeu a indicação de um banqueiro para a principal
pasta do setor econômico. “Ele é um alto executivo, sempre aberto às
discussões e sempre se pautou e orientou sua equipe a prestar ajuda a
qualquer governo, não este ou aquele governo, mas a qualquer um. E esse
comportamento é atribuído ao reconhecimento que Trabuco sempre
demonstrou pela coisa pública, pelo bem comum”, declarou. Sugerido
por Lula para a Fazenda, Trabuco é o quarto presidente do Bradesco nos
70 anos de existência do grupo financeiro. Aos 63 anos, iniciou sua
trajetória no banco aos 18, em 1969. Em março de 2003, assumiu o Grupo
Bradesco de Seguros e Previdência e, no mesmo mês de 2009, passou a
chefiar a presidência do Banco Bradesco S/A.
De perfil discreto, Trabuco divide as
atenções como potencial ministro da Fazenda com o ex-presidente do Banco
Central Henrique Meirelles, e o ex-secretário-executivo do ministério
Nelson Barbosa. Segundo a coluna Radar, da revista Veja, Trabuco tem
vantagem: “De acordo com petistas graúdos, Lula está botando a mão na
massa do novo ministério de Dilma Rousseff. Lula em pessoa vai negociar
com Luiz Carlos Trabuco e Lázaro Brandão [alto executivo do Bradesco] a
ida do presidente do Bradesco para o Ministério da Fazenda”, diz a
coluna assinada pelo jornalista Lauro Jardim.