terça-feira, 2 de setembro de 2014

Datafolha faz disparar Ibovespa. O PT se torna eternamente responsável por aqueles que hostiliza!



Lá pelas bandas do PT, não há sinais de que muita gente tenha lido “O Príncipe”. Naquela seara, não se crê muito que um governante deva ser nem amado nem temido. Eles sempre acreditaram mais na lógica dos aliados comprados. E depois passaram a se regozijar de satisfação com os próprios insucessos. Mas parece que não leram também nem aquele que era o livro das misses de antigamente, “O Pequeno Príncipe”. Como é mesmo? “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas.” Toda sentença dessa natureza sempre pode ser lida pelo avesso: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que hostilizas” — que é o mesmo que “cativar”, só que ao contrário.
Pois bem: a última pesquisa Datafolha, que trouxe Marina Silva 10 pontos à frente de Dilma no segundo turno, fez disparar o Ibovespa, o índice da Bolsa de Valores, que iniciou setembro acima de 62 mil pontos. As ações das empresas estatais — apelidadas pelo mercado de “Kit Eleição” — lideram a valorização. Não há outra explicação para a disparada que não a possibilidade de Dilma e de o PT serem derrotados na eleição do mês que vem. Até porque a bolsa de Nova York está fechada por causa do feriado do Dia do Trabalho nos EUA. Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil lideram a valorização.
O governo Dilma paga o preço de uma política destrambelhada no caso das estatais. De tal sorte elas foram usadas para fazer política mesquinha; de tal sorte o governo avançou sobre elas para compensar desajustes estruturais na economia; de tal sorte se atentou contra a economicidade dessas empresas, que não resta ao mercado senão pôr um preço na possibilidade de o PT ser apeado do poder. Assim como haverá um preço — e, neste caso, melhor sair de baixo — se Dilma recuperar a dianteira no processo eleitoral.
Não deixa de ser espantoso. Marina Silva divulgou seu programa. Há lá algumas boas intenções, afirmações bastante perigosas — além de erradas — sobre a democracia brasileira e considerações que chegam a ser um tanto irresponsáveis sobre a indústria. E daí? Ninguém está olhando muito para isso porque sabe, também, que programas de governo não têm assim tanta importância.
Uma coisa é certa: as pessoas que estão dando pitaco na área econômica do marinismo parecem bem menos apegadas à ideia de que uma estatal existe como quintal onde o governo pode fazer suas manobras para compensar sua incompetência técnica na gestão da economia. Caso Aécio Neves consiga tomar de Marina o segundo lugar nas pesquisas, o otimismo se deslocará para ele. O que se tem como consenso é um “não” a Dilma.
Convenham: não foi por falta de advertência que os petistas estão colhendo esse resultado. Mas o poder sempre os tornou arrogantes demais para prestar atenção a uma crítica. Ao contrário: eles tratam os críticos a pontapés e chegam a financiar uma imprensa pirata só para desmoralizá-los.
Eis aí o resultado. Nunca ninguém cobrou que o PT fosse humilde. Dele se cobrou apenas que fosse racional. Mas são prepotentes demais para ouvir a voz da razão. E se tornam, então, eternamente responsáveis por aqueles que hostilizam.
Por Reinaldo Azevedo