quarta-feira, 2 de julho de 2014

EDITORIAL: JOAQUIM BARBOSA, DESTEMIDO NO COMBATE A CORRUPÇÃO

O legado de Joaquim Barbosa
O Poder Judiciário do Brasil perdeu ontem (1) um dos maiores e mais destemidos combatentes da corrupção que há anos habita principalmente o Executivo e o Judiciário. O ministro Joaquim Barbosa, ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), presidiu, na última terça-feira, sua última sessão, e agora segue rumo à aposentadoria.
Odiado por uns e alçado ao posto de paladino da moralidade por outros, o fato é que Barbosa não temeu as intimidações e ameaças e conduziu, com punho de ferro, o julgamento do maior escândalo de corrupção do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Relator do processo do mensalão, Barbosa mostrou ao Brasil que ainda não é chegada a hora de desistir de lutar por um país mais justo, onde criminosos como os petistas José Dirceu, Delúbio Soares e José Genoíno possam sim ser conduzidos à prisão como qualquer outro que resolva se apropriar do dinheiro público.
Ao longo de uma ação penal que se arrastou por anos e que despertou a atenção da população tamanha a capacidade de articulação da quadrilha de mensaleiros para comprar apoios e advogar em causa própria, deixando de lado os interesses daqueles que os elegeram, Barbosa comprou briga com setores da mídia, poderosos e com a própria sociedade, que, diante dos duros argumentos e da falta de compaixão do ministro para com as práticas criminosas hoje tão conhecidas, muitas vezes saíam em defesa dos “pobres coitados”.
Ameaçado em praça pública por militantes do Partido dos Trabalhadores e por anônimos, por meio de redes sociais, Barbosa não se rendeu e foi até onde pôde para garantir a punição aos membros da quadrilha comandada por um ex-ministro da Casa Civil.
Agora resta ao país cobrar de Ricardo Lewandowski, novo presidente do Supremo Tribunal Federal, o mesmo rigor na condução dos processos. Não se pode passar a mão na cabeça de gente que não passa a mão na cabeça da gente, mas no nosso bolso.
E ao ex-ministro Joaquim Barbosa, o nosso muito obrigado. (Carlos  Cavalcante)