quinta-feira, 4 de abril de 2013

“Ele tinha certeza de que sairia dali pela mesma porta que eu”, diz Amanda Figueiroa sobre condenação do ex-namorado e agressor

As marcas da violência ainda são visíveis nos olhos da professora universitária Amanda Figueiroa. Mas o que dói mesmo não se vê. E mesmo com as marcas, no corpo e na alma, da agressão brutal que sofreu no dia 1º de fevereiro, a professora sorri um pouco mais aliviada depois da condenação do seu agressor e ex-namorado, Teócrito Amorim. Teo, como é conhecido, foi condenado a um ano, sete meses e 15 dias, em regime semiaberto.
A audiência de instrução e julgamento aconteceu na última terça-feira (2), no Fórum de Petrolina, e durou quase oito horas. Teócrito saiu do local diretamente para a Penitenciária Dr. Edvaldo Gomes por ter descumprido as medidas protetivas. Durante o tempo em que esteve em liberdade à espera do julgamento, ele enviou várias mensagens e ainda tentou contato com Amanda por telefone.
“Assim que recebi os torpedos dele, vi as ligações, procurei a Delegacia da Mulher e prestei queixa. No dia da audiência, ele me enviou uma mensagem pedindo para que eu pensasse bem no que iria falar. Ele ainda chegou a usar um tom ameaçador, dizendo que me acharia onde eu estivesse, que não adiantava fugir”, conta Amanda.
Teo foi condenado por agressão física e ameaça. No início do julgamento, Amanda confessa que ficou bastante nervosa por ser a primeira vez que estaria cara a cara com seu agressor. “No começo foi difícil, mas depois me tranquilizei porque não tem coisa mais fácil do que falar a verdade. Senti muito medo de olhar pra ele, de encará-lo. Eu fiquei traumatizada. Às vezes eu olho para a esquina e acho que estou vendo ele”, detalha.
Segundo Amanda, os depoimentos das testemunhas e dos próprios advogados de defesa apresentavam contradições. O protecionismo da família também ficou evidente durante todo o processo. “A defesa estava frágil e perdida. Eles queriam forçar a barra de passionalidade, forte emoção e depois tentaram ir pelo caminho da imputabilidade, de que ele teria problemas de saúde”, afirma.
A pena
A professora elogiou a atuação do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), através do promotor Júlio César, e considera o resultado do julgamento como um avanço da Lei Maria da Penha em Petrolina. “O resultado é positivo, mostra que as punições não ficam apenas nos serviços comunitários, na doação de cestas básicas. No regime semiaberto, ele não terá a liberdade de dormir fora da Penitenciária, será monitorado o tempo inteiro”, explica.
De acordo com Amanda, Teo tinha certeza de que sairia impune do caso. “Ele não entende que cometeu um delito grave e que será punido por isso. Ele tinha certeza de que iria sair dali pela mesma porta que eu”, destaca.